É sintomática a alteração na agenda da presidente Dilma Rousseff
divulgada ontem no fim da tarde pela Secretaria de Imprensa e Porta-voz
da Presidência da República. Ela avisava sobre uma videoconferência
entre Dilma e a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, anfitriã do
encontro do Mercosul na sexta-feira, em Mendoza. Depois de ser afastado
em menos de 48 horas da Presidência do Paraguai, Fernando Lugo montou um
governo paralelo e já pediu a Kirchner para estar presente. Os governos
brasileiro e argentino não reconhecem o novo governo paraguaio
encabeçado por Federico Franco, que ontem deu posse a vários ministros.
O
problema é que, amanhã, haverá também uma reunião da União de Nações
Sul-americanas (Unasul) e Fernando Lugo já manifestou a intenção de
estar presente. Só que a Presidência da Unasul, atualmente, está
exatamente com o Paraguai. Já imaginou a confusão? O melhor a fazer é
cancelar o encontro da Unasul e manter apenas o do Mercosul, em que
Cristina Kirchner, como anfitriã, pode impor as regras e preservar, no
mínimo, a cordialidade e a transparência nas decisões. O Paraguai,
aliás, já foi avisado para não estar presente, porque está atualmente
afastado do bloco.
É triste assistir à América do Sul
voltar a ter seus tempos de republiquetas, quando parecia estar muito
mais amadurecida política e democraticamente. Um impeachment em menos de
dois dias é golpe, não adianta tentar dar uma fachada de legalidade,
mesmo com a Suprema Corte do país acatando a decisão do Congresso. A
novela está apenas começando, mas já dá motivos para que a região seja
alvo de chacotas das nações politicamente desenvolvidas. As presidentes
Dilma Rousseff e Cristina Kirchner, como líderes regionais, têm o dever
de comandar a diplomacia para encontrar uma solução rápida e pacífica.
Antes que conflitos se transformem em banho de sangue.
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