sexta-feira, 11 de maio de 2012
Lembranças do passado
Residindo perto do Pantanal Sul Mato
Grossense, de belezas naturais deslumbrantes e muitos animais
silvestres, resolvi convidar uma amiga de juventude para passar um
feriado prolongado em minha casa e assim nos reveríamos e ela conheceria
o pantanal.
Pretendia mostrar locais que conheço sem
nenhuma programação previamente agendada, passeando, parando, tirando
fotos, mostrando o que lhe era desconhecido, sem nenhum compromisso de
horários, mas como chovia e fazia frio quando a aeronave que a trazia
pousou, percebi que a programação teria que ser alterada.
Como duas pessoas que não se viam ou
tiveram qualquer tipo de contato há trinta e sete anos, fomos almoçar e
começar a conversar sobre o que ocorreu em nossas vidas nesse período e
também sobre o que ela gostaria de fazer já que com aquele tempo a
programação anterior não seria aconselhável.
Durante essa conversa, por algumas
declarações e comportamentos, já percebi que meu convite talvez não
tivesse sido uma boa ideia. Notei que havíamos vivido em mundos e
culturas diferentes por um período demasiado longo, o que tinha nos
transformado em duas pessoas com uma quantidade enorme de diferenças.
Morando só e já próximo dos sessenta, nada
mais lógico e esperado que possuísse algumas ou muitas manias, mas
tentei colocar minha convidada muito à vontade, mostrando-lhe seus
aposentos e onde encontraria tudo o que pudesse necessitar, desde
alimentos, bebidas, pratos, talheres e como funcionava a máquina de
café.
Por simples bom senso e educação que se
espera de quem possui um grau cultural elevado, ou até mesmo por
conhecimento prático adquirido durante a vida, imaginei que alguns
comportamentos não ocorreriam por serem inesperados para quem se hospeda
em casa alheia, independentemente das manias adquiridas por quem está
acostumado a viver só como eu.
Morando só no interior do Paraná logo
notei que acostumada a viver em casa, não tinha noção do que seria viver
em um prédio de apartamentos, mas diversas atitudes comportamentais por
mim inesperadas confirmavam minha primeira impressão: éramos pessoas
totalmente desconhecidas.
Como o clima frio e chuvoso não a
estimulavam sequer a sair do quarto por longos períodos, solicitei a
presença de outra amiga e demos algumas voltas pela cidade, visitando
locais interessantes e pontos turísticos, mas foi tudo o que
conseguimos, pois no dia seguinte o tempo melhorou e o sol voltou a
brilhar, mas ela não se interessou pelo passeio turístico que eu havia
programado para o Pantanal alegando que preferia permanecer quieta,
dentro de casa.
Pensei então sobre todo o período que
estivemos longe, morando em ruas, cidades e estados diferentes,
estudando em escolas e cursos, tendo amigos e relacionamentos mais ou
menos profundos ou duradouros, com idades e em épocas distintas.
Com todas essas variações de estilos,
meios e modos de vida, realmente não poderíamos mais ser o que éramos e
pensar ou agir como costumávamos fazer.
Uma pena, pois a intenção era a melhor
possível e ao invés de reaproximar, certamente acabou afastando mais
ainda duas pessoas que já não se viam há décadas, mas que mantinham
lembranças de um tempo diferente, quando éramos jovens e que
infelizmente nunca voltará.
Tentar reviver o passado pode fazer perder lembranças que na mente se mantinham bonitas e por isso lá deveriam permanecer.
João Bosco Leal www.joaoboscoleal.com.br
*Jornalista, escritor e produtor rural
Abolição da escravatura foi o cacete!
Nem esta semana, muito menos na semana que vem. Na melhor das hipóteses,
a proposta de emenda constitucional (PEC) sobre o trabalho escravo só
será votada no dia 22 deste mês. Na melhor das hipóteses, não custa
repetir. A bancada ruralista quer aprovar junto com a PEC um projeto de
lei regulamentando a própria emenda. A alegação é a necessidade de
definir direitinho o que é trabalho escravo para não criar insegurança
jurídica no campo. Pelo jeito, muita água ainda terá que rolar antes de o
projeto ser votado. Bancada de merda!
Leitura sugerida pelo leitor Flávio Guimarães de São Paulo: http://bit.ly/JjOUAK
Leitura sugerida pelo leitor Flávio Guimarães de São Paulo: http://bit.ly/JjOUAK
A raposa e as uvas
Desde que o senador Alfredo Nascimento (PR-AM) foi defenestrado do
Ministério dos Transportes, alvo de denúncias de irregularidades na
pasta, o Partido da República se diz independente no Congresso. Na
Câmara dos Deputados, apesar da “independência”, continuou votando com o
governo. No Senado, fez um pouco mais de beicinho, mas também não
acionou a metralhadora giratória. Agora, o PR vai voltar feito
cordeirinho para a base de sustentação da presidente Dilma Rousseff. E
nem é uma questão de tempo. É uma questão do Diário Oficial da União,
aliás, não: é do Conselho de Administração do Banco do Brasil. Dilma
acaba de afastar Ricardo Oliveira da Vice-Presidência de Governo da
instituição. Para o seu lugar, vai o ex-senador César Borges (PR-BA).
Será que a independência vai continuar com um cargo tão importante nas
mãos dos republicanos?
Dilma, na verdade, tenta matar dois coelhos com uma só cajadada. Além de agradar ao PR e atraí-lo de volta à sua base de sustentação no Congresso, a presidente põe uma cunha na guerra de nervos que vem sendo travada entre a diretoria do Banco do Brasil e o comando da Previ, o maior fundo de pensão da América Latina. A briga incomoda o Palácio do Planalto há muito tempo. Ricardo Oliveira é apontado como o fomentador da discórdia entre os dirigentes das duas instituições. Dilma cansou e deu o basta.
Depois do processo de faxina no ministério, a presidente vai, aos poucos, recompondo a sua base de sustentação, mas não se dobrando aos desejos dos partidos. Foi assim, por exemplo, com o PDT. O hoje ministro do Trabalho, Brizola Neto (PDT-RJ), não era o nome dos sonhos da cúpula e de boa parte da bancada pedetista. Tiveram que engolir. Agora, Dilma agrada ao PR com cargo no Banco do Brasil e para um ex-governador da Bahia. Vão reclamar?
Dilma, na verdade, tenta matar dois coelhos com uma só cajadada. Além de agradar ao PR e atraí-lo de volta à sua base de sustentação no Congresso, a presidente põe uma cunha na guerra de nervos que vem sendo travada entre a diretoria do Banco do Brasil e o comando da Previ, o maior fundo de pensão da América Latina. A briga incomoda o Palácio do Planalto há muito tempo. Ricardo Oliveira é apontado como o fomentador da discórdia entre os dirigentes das duas instituições. Dilma cansou e deu o basta.
Depois do processo de faxina no ministério, a presidente vai, aos poucos, recompondo a sua base de sustentação, mas não se dobrando aos desejos dos partidos. Foi assim, por exemplo, com o PDT. O hoje ministro do Trabalho, Brizola Neto (PDT-RJ), não era o nome dos sonhos da cúpula e de boa parte da bancada pedetista. Tiveram que engolir. Agora, Dilma agrada ao PR com cargo no Banco do Brasil e para um ex-governador da Bahia. Vão reclamar?
Basta!
O povo está cansado de esperar o fim da corrupção e do corporativismo na
política brasileira, mas sempre vem a decepção. Nunca se resolvem
problemas com as CPMIs dos Correios, do mensalão, e agora, a do
‘bicheiro’, que com certeza vai dar em nada, pois certamente os petralhas não vão deixar. Ao contrário, quando se trata de
beneficiar os grandes exploradores do meio ambiente e os destruidores
das florestas, as decisões são imediatas, como no caso da aprovação do
Código Florestal. Resta-nos esperar que a nossa presidente tenha bom
senso, coragem e determinação para vetar imediatamente essa aberração. Sei, não...
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