Não fossem os depoimentos na Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) do Cachoeira dos governadores Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, e
Agnello Queiroz (PT), do Distrito Federal, a semana seria praticamente
morta no Congresso. Os nobres deputados especialmente estão às voltas
com as negociações municipais. Os prefeitos eleitos agora são garantia
de apoio na reeleição deles em 2014. Bem, se servir de consolo, o Senado
promete votar a proposta de emenda constitucional (PEC) que acaba com o
voto secreto nos processos de cassação de parlamentares. Mas o senador
Demóstenes Torres (sem partido-GO) deve escapar da nova regra. E é
exatamente com o voto anônimo que ele joga para ter uma punição mais
branda e fugir da perda do mandato.
Resta saber como se
comportarão petistas e tucanos nos depoimentos dos governadores. Como se
diz, eles podem usar o velho ditado de uma mão lava a outra e as duas o
rosto. Se um aliviar para o outro estará decretada a morte prematura da
CPI, que ficará restrita a punir Cachoeira e, quem sabe, Demóstenes
Torres. Mas se o clima esquentar, a recíproca pode ser verdadeira.
Não
é à toa que petistas já falam em investigar os negócios da Delta
Construção com a Prefeitura de São Paulo. Quem era o prefeito na época?
Ganhou um doce quem respondeu José Serra (PSDB), que agora é candidato
de novo ao mesmo cargo. O requerimento já foi apresentado, mas só deve
ser votado na quinta-feira, quando os depoimentos de Perillo e Agnello
já tiverem sido dados. Não deixa de ser uma armadilha petista para os
tucanos.
Resta saber o tamanho da disposição, tanto do
PSDB quanto do PT, de expor seus governadores. A CPI já está andando de
lado, não convocou, por exemplo, o governador do Rio, Sérgio Cabral
(PMDB). Com a campanha eleitoral prestes a começar, o que deve ficar no
meio do caminho é a investigação no Congresso.