Pela terceira vez foi adiada ontem a leitura do relatório da medida
provisória do Código Florestal. Os parlamentares ruralistas tentaram
protelar os trabalhos para costurar um acordo. Com isso, apesar de ter
prometido que faria ontem a leitura de seu texto, o relator, senador
Luiz Henrique (PMDB-SC) concordou em apresentá-lo formalmente hoje. A
posição da bancada ruralista já é clara e não será fácil costurar um
acordo. O presidente da Comissão, deputado Bohn Gass (PT-RS) avisa: o
assunto tem de ser votado até amanhã, já que só haverá duas semanas de
votação em agosto e uma em setembro. A MP perde sua validade em 8 de
outubro.
quarta-feira, 11 de julho de 2012
Lula la-lá
A participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas campanhas
do PT fora de São Paulo dependerá de aval da equipe médica. Segundo Luiz
Dulci, um dos diretores do Instituto Lula, ele tem viajado pouco porque
ainda sente os efeitos colaterais do tratamento contra o câncer de
laringe, que se encerrou em 17 de fevereiro. Com a garganta muito
irritada, não faz sentido deslocar-se se não puder falar, logo Lula que
tem em seu timbre de voz a marca registrada. Lula pretende gravar
depoimentos a candidatos de cidades para onde não vai viajar.
Causa e efeito
PT e PSB estariam a caminho de uma ruptura? O fim das alianças em
Fortaleza e em Recife é a face mais grave do problema. Entretanto o
caso de Belo Horizonte é que merecerá maior atenção. Lá a coligação
chegou a ser concretizada e foi frustrada pela pressão da base
socialista e de tucanos que rechaçaram a chapa proporcional entre PT e
PSB. Recife e Fortaleza representam uma briga no coração do eleitorado
mais expressivo nas últimas eleições de Lula e de Dilma. Lá, petistas e
socialistas de fato disputam.
A recente declaração do
governador de Pernambuco, Eduardo Campos, de que o PT cria mais
problemas para a presidente Dilma do que o PSB e o troco do deputado
federal André Vargas (PT-PR) de que “no PT não tem coronel, tem
democracia interna”(sic) dão o tom das mágoas. Esse começo de embate,
entretanto, não é suficiente para balançar a base de sustentação do
governo Dilma. Enquanto os índices de popularidade da presidente
continuarem crescendo, não haverá quem abandone o navio.
O
presidente do PT, Rui Falcão, tem afirmado que entre os partidos há
mais convergências do que divergências. Mas o bombeiro Falcão sabe que
onde há fumaça há fogo. O episódio de BH é, dentre os três, o mais
expressivo. Na visão dos petistas, Lacerda e os socialistas traíram o PT
e o governo Dilma para ficar com os tucanos. Eles se esquecem, contudo,
de que a base mineira e belo-horizontina do PSB sempre foi mais aecista
do que petista. O próprio programa de governo de Lacerda, BH Metas e
Resultados, está muito mais próximo do conceito do Choque de gestão
tucano do que das gestões participativas do PT. A ênfase da gestão está
na eficiência, não na participação e na inclusão.
O
episódio de BH deixa máculas porque acalenta os pesadelos petistas de
ver o deslocamento gradativo do PSB das bases do governo para a
oposição. Com a economia dando sinais de esgotamento do ciclo virtuoso,
crescem os temores de um voo solo de Eduardo Campos em 2014. Por ora,
nem a presidente Dilma, nem Falcão perdem o sono. Eles sabem que os
socialistas, por enquanto, ficam. Por ser a capital do estado de Aécio,
BH já era uma meta. Mas agora, para exorcizar pesadelos futuros,
fundamental passa a ser o resultado.
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