O pecado da despolitização do povo brasileiro tem provocado imensos
estragos no cotidiano da nação. Somos um povo que não tem o hábito da
insurgência, aceitando calado o despudor dos três poderes. Algumas
manifestações aqui ou acolá não colocam o brasileiro no rol dos povos
que se inflamam, vão às ruas e fazem panelaços quando veem seus direitos
constitucionais serem varridos para debaixo do tapete.
O que mais causa
perplexidade é a quantidade de leis inconstitucionais que são criadas e
aprovadas pelos poderes Legislativo e Executivo na esfera municipal,
estadual e federal. Em nosso país, obras de interesse público são
constantemente paralisadas por tempo indeterminado, porque alguém
descobriu erros em sua licitação. Por que os erros em licitações, se
todos os poderes da nação têm seus departamentos e secretarias
jurídicas? O que será que esses funcionários fazem? Para que são pagos
se não redigem uma licitação sem erros técnicos?
Diariamente, vemos
notícias de rodovias que não podem ser terminadas, pontes que não podem
ser construídas, escolas que não saem do papel, hospitais que após a
inauguração não podem ser abertos ao público. Tudo por erro de
licitação. O Brasil não precisa apenas de reforma tributária, urge uma
reforma geral em todos os segmentos. Nossa Constituição detalhista deixa
margens a interpretações estapafúrdias. Nosso Código Penal, contendo
mais benesses do que punições, foi criado para proteger interesses. Se a
Constituição tivesse redação clara e definitiva, sem artigos, incisos e
um ‘jurisdiquês’ indecifrável para 99% da população, com certeza
teríamos uma sociedade mais bem orientada, segura de si, de seus
direitos e deveres. Deletar tudo e refazer corretamente, esse é o
caminho.