Só Deus sabe como os números de Dilma Rousseff (PT) impressionam. A confiança
na presidente chega a 75% e a aprovação do governo supera 78% do
eleitorado. Isto com inflação em alta e apesar do pibinho de 0,9%. Será que brasileiro é igual a hiena, que gosta de comer coco? Além disso as
perspectivas para este ano na economia combinam uma inflação alta e
crescimento igual a do ano passado, ou seja, de 1%. O governo insiste em dizer que a renda da população continua
em alta e as taxas de desemprego baixas. Então, tá!
Os problemas de Dilma e
do PT, na verdade, não residem somente na oposição tradicional e sim no cerne
do governo e na nova oposição. A primeira preocupação atende pelo nome
de Eduardo Campos (PSB). O governador de Pernambuco dá sinais de que se
lançará candidato. Ainda que frente aos números atuais perca para Dilma
mesmo no próprio estado, a saída dos socialistas da coalizão
governamental deixará Dilma e o PT ainda mais reféns dos setores
conservadores que a apoiam.
Verdade seja dita que o próprio PT, nos
dias de hoje, já sofre de uma paralisia. O partido vibrante dos anos 80 e
90 cedeu lugar à uma confederação de burocratas que estão mais
preocupados em manter os acordos e acertos eleitorais do que em inovar
na política.
Toda uma geração que participou da criação e deu
sustentação ao PT vai gradativamente saindo de cena ou sendo atraída por
propostas menos piores como a Rede de Marina Silva ou por uma
esquerda mais tradicional como o PSOL. Eu sou mais o PSOL.
Se tudo aponta, por ora, para
uma vitória de Dilma no ano que vem, a configuração do futuro governo e
a situação de seu principal partido sugerem que este pode ser o
derradeiro suspiro da geração que mudou o país. Mas se a marca da
mudança foi a sua característica, nada indica que seguirá trilhando por
este caminho. O PT e Dilma estão sendo empurrados cada vez mais à
direita.