Toma lá um cargo, dá cá um voto. Não é à toa que o ministro da Aviação
Civil, Eliseu Padilha (PMDB-RS), virou uma espécie de segundo
vice-presidente da República, para ajudar o titular Michel Temer (PMDB)
no papel que ele assumiu de articulador político do governo.
Padilha
conhece como poucos os caminhos da troca de favores por votos. E o
governo já começou a acatar as determinações de Temer de nomeações de
cargos federais importantes nos estados, negociados pelo ministro da
Aviação Civil, que articula a jato os agrados aos partidos governistas, à
exceção do PT. A jato? Isso faz lembrar Lava-Jato, mas deixa a operação
para lá. O assunto é ajuste fiscal.
Se Michel Temer tem a missão
de enquadrar o PMDB, para isso precisa antes acalmar o presidente da
Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que vê dedo palaciano na
investigação que sofre da Procuradoria-Geral da República (PGR). Cunha
despista, ataca o procurador Rodrigo Janot dizendo que é uma “querela
pessoal”, mas, com os mais próximos, confidencia a desconfiança em
relação ao Palácio do Planalto.
E não perde a oportunidade de dar
o troco no governo Dilma. Com toda pompa e circunstância, o próprio
presidente da Câmara dos Deputados protocolou, acompanhado de uma
comitiva de colegas e líderes partidários, o projeto que estabelece a
correção do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) pelo mesmo
índice da inflação. E estabelece que a mudança entre em vigor em janeiro
de 2016.
É claro que a presidente Dilma Rousseff já pôs a caneta
em cima da mesa para vetar a medida, mas vai pagar o preço de uma
decisão impopular e não tem capital de popularidade para isso. E vai
ainda correr o risco de o veto ser derrubado. São dias difíceis para o
governo. A economia não vai bem, a política virou um cada um por si,
mesmo o PT está desnorteado. Como diz o chavão, é grave a crise.