“No presente momento, havendo parlamentares federais denunciados em decorrência da Operação Lava-Jato, também não me sentiria confortável em receber o aludido prêmio, o que poderia ser mal interpretado ou gerar constrangimentos desnecessários”. Este é um trecho do ofício enviado pelo juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro, responsável pelos julgamentos dos envolvidos em corrupção na Petrobras na Operação Lava Jato, deflagrada pela Polícia Federal (PF), para justificar que não poderia receber a Medalha do Mérito Legislativo da Câmara dos Deputados.
Ele até que foi educado, ao deixar uma porta aberta para a homenagem em outra época. Mas foi apenas uma cortesia. Na prática, Moro descascou e deixou claro ter mais o que fazer: “Devido à agenda atribulada e aos compromissos prementes relacionados à condução dos processos atinentes à assim denominada Operação Lava-Jato, inclusive com acusados presos, informo que não tenho condições de comparecer à Câmara para receber a medalha na data sugerida”.
Quem teve a brilhante ideia de incluir o juiz Sérgio Moro foi o deputado Rubens Bueno, líder do PPS na Câmara Federal, que costuma ser cruel com o governo. Basta lembrar o discurso que ele fez, em abril, quando o vice-presidente Michel Temer assumiu a coordenação política do governo: “O governo terceirizou o governo ao entregar a coordenação política para Michel Temer. O que é que estamos vivendo? Estamos vivendo uma nova forma e um novo modelo de governo. Nós estamos vivendo a monarquia parlamentarista: tem a rainha Dilma e tem o primeiro-ministro, o nosso estimado Michel Temer. É esse o governo que estamos vivendo, lamentavelmente”. Bem, o primeiro-ministro Michel Temer não segurou o rojão e deixou a articulação do governo. Desta vez, quem terceirizou, com estilo, a Medalha do Mérito Legislativo da Câmara dos Deputados foi o juiz Sérgio Moro.