Quando o bolso vai mal, a cabeça e o corpo padecem. A recessão está presente em 80% das queixas dos pacientes em muitos consultórios de psiquiatria, e a procura por ajuda médica ou psicológica já corresponde a 40% dos casos, em alguns locais, nos últimos 12 meses. Como entender o que se passa na cabeça de cada um dos brasileiros?
Para o psicólogo norte-americano
Abraham Maslow (1908-1970), a motivação do ser humano na busca dos
objetivos está, estritamente, ligada à satisfação de suas necessidades.
Sua teoria, denominada Teoria das Necessidades de Maslow, é alicerçada
na figura de uma pirâmide, na qual na primeira etapa, a base, estão
as necessidades fisiológicas do ser humano, como exemplo alimentação, o
descanso ou o simples fato de nos mantermos vivos. Acima disso, a
segurança, as necessidades sociais, a autoestima e a autorrealização, o
mais alto grau de satisfação em que o ser humano possa chegar.
Conforme afirmação do próprio Maslow, 'à medida que os aspectos
básicos que formam a qualidade de vida são preenchidos, podem deslocar
seu desejo para aspirações cada vez mais elevadas'. Pois bem, o ser
humano deseja o que não tem e a abdicação de prazeres já
experimentados soa sempre como uma ameaça. No atual cenário, estas
ameaças são a perda ou a diminuição da renda.
O pior: será que estamos
correndo riscos de não conseguir satisfazer sequer nossas
necessidades mais básicas? Óbvio que cada ser humano é movido por
interesses diferentes. Porém, não é tarefa fácil distinguir uma real
necessidade de um simples desejo ou vontade. O grau de percepção das
coisas, os valores, estão no existencialismo de cada um e em todo
contexto que o cerca.
A crise psicológica na qual vivem muitos
brasileiros reflete, nada mais nada menos, que os riscos inerentes de
uma crise econômica profunda. Risco de perda de emprego, risco na
queda da renda, risco de não cumprir compromissos assumidos. Risco de
não poder oferecer um suporte necessário à família. Se para a maioria
dos brasileiros o topo da pirâmide, o alto grau de realização, é uma
tarefa para lá de distante, para 12 milhões de desempregados o desafio
é chegar a uma ocupação que lhes garanta, simplesmente, a satisfação
das necessidades mais básicas.
Nesse contexto, temos brasileiros mais
próximos do divã do que de uma escalada na pirâmide social.
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