Poucas empresas estatais construíram nos últimos 40 anos imagem de eficiência e credibilidade como a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Criada em março de 1969 para substituir o Departamento de Correios e Telégrafos, subordinado ao Ministério das Comunicações, desde logo libertou-se das amarras da burocracia oficial. Desengajada dos rituais que, até hoje, esclerosam as repartições públicas, a ECT desenvolveu renovadas técnicas postais para atender com qualidade e rapidez milhões de usuários.
Mas a trajetória de sucesso foi interrompida em 2005, quando um dos chefes de departamento, Maurício Marinho, foi flagrado em vídeo ao receber propina de R$ 3 mil. O episódio caracterizou-se como marco do roteiro de ilícitos que culminou no escândalo do mensalão. Amainadas as repercussões do evento indecoroso, os cargos de direção da ECT voltaram a ser ocupados conforme o interesse de partidos ou de políticos influentes.
A decadência técnica e operacional dos Correios se instalou, portanto, a partir de 2005. Aparece, em primeiro lugar, na lentidão exasperante para entrega de correspondências, encomendas e mercadorias. Avisos de vencimento de dívidas, boletos de cobrança bancária, contas de luz, telefone e água costumam chegar aos destinatários além dos prazos para cumprimento da obrigação. São enormes os prejuízos causados aos consumidores dos serviços da empresa.
Ante o clima de dissolução moral em que a ECT desempenha suas atividades, não surpreende, embora muito grave, o cenário de caos já armado para o circuito das mensagens de Natal, ano-novo e envio de presentes. Não há operadores suficientes para a movimentação das estruturas utilizadas no manejo dos trabalhos. A falta de planejamento, falhas na elaboração do processo, denúncias apontadas contra a banca examinadora tornaram inviável o concurso convocado para a contratação de servidores. Daí por que as 6.565 vagas não foram preenchidas.
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