Foi-se o tempo em que o diagnóstico de Aids era uma sentença de morte. Nas vésperas do Dia Mundial de Luta contra a Aids, em 1º de dezembro, a discussão é pela qualidade de vida desses pacientes que seguem em tratamento por anos. O ATLIS 2010, estudo sobre tratamentos de longo prazo da doença apresentado na 18ª Conferência Internacional sobre Aids em Viena, Áustria, revelou uma lacuna no diálogo entre pacientes e médicos, o que pode prejudicar, com o tempo, a saúde, a qualidade de vida e os resultados do tratamento.
A expressiva maioria dos 2.035 adultos entrevistados – homens e mulheres, soropositivos, com 18 a 65 anos, dos cinco continentes – revelou alto grau de satisfação com os profissionais de saúde que os acompanham, mas muitos relataram jamais terem se envolvido em discussões importantes relacionadas ao seu bem-estar a longo prazo, como o histórico de saúde, condições clínicas, efeitos colaterais e novas opções de tratamento, ou mesmo como esses fatores podem afetar sua saúde e os resultados do tratamento.
Apenas 28% dos entrevistados, por exemplo, relataram ter discutido com o profissional de saúde seu histórico familiar de doença cardiovascular. Principal causa de morte em todo o mundo, o problema afeta também proporção significativa de pessoas com Aids e pode ser agravada pela terapia antirretroviral. Além disso, à medida que a população com HIV envelhece, aumenta a tendência de adquirir doenças cardíacas.
Os achados, então, indicam a necessidade de discussões mais profundas para reforçar a adesão aos medicamentos contra o HIV e evitar a resistência aos medicamentos contra o vírus. Para o infectologista do Centro de Referência e Treinamento DST/Aids São Paulo José Valdez Madruga, o dado é um alerta para que o diálogo entre pacientes e profissionais de saúde seja melhorado. "É importante que o especialista, ao prescrever o tratamento, conheça bem o paciente e discuta possíveis doenças e efeitos colaterais, para garantir essa boa adesão."
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