O grupo de elite da construção civil frequenta os relatórios das instituições fiscalizadoras de obras públicas no país, como o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Ministério Público.
Em abril deste ano, uma auditoria do TCU concluiu que uma subsidiária da Petrobras pagou ilegalmente R$ 56,9 milhões a consórcios formados pelas construtoras Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e OAS, na construção do gasoduto Urucu-Manaus, uma das mais caras obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Na prática,
as empresas ofereceram um preço e, após a execução, cobraram outro. Segundo os auditores, o fato seria legal se houvesse justificativa para a diferença, o que, concluíram, não ocorreu. Em 2009, a Odebrecht foi condenada pelo TCU por fraude num contrato para a manutenção de plataformas de petróleo na Bacia de Campos, no Rio. Uma auditoria concluiu que a empreiteira superfaturou um aditivo assinado em dezembro de 2002.
No mesmo ano, a Operação Castelo de Areia, da Polícia Federal, levou executivos da Camargo Corrêa à prisão. Foram investigadas denúncias de fraudes em concorrências, superfaturamento de contratos e pagamento de propina. Uma planilha apreendida sugere que a construtora teria doado R$ 4 milhões, por meio de caixa dois, a partidos. A investigação está suspensa por decisão do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Cesar Asfor Rocha.
A Camargo Corrêa foi quem mais gastou com campanhas: R$ 102,7 milhões. Na sequência, aparecem a Queiroz Galvão (R$ 65,6 milhões), Andrade Gutierrez (R$ 61,8 milhões), OAS (R$ 8,8 milhões), Construcap (R$ 7,5 milhões) e Odebrecht (R$ 5,9 milhões).
O leque de beneficiários dessas contribuições é bastante diversificado, assim como o valor da ajuda. Por trás dessa pulverização de recursos, está a estratégia de manter um bom relacionamento com o maior número de partidos, dos menores aos mais representativos. Campeã de gastos, a Camargo Corrêa fez doações de R$ 10 mil a R$ 5 milhões para mais de cem candidatos a deputado estadual e federal, senador e governador. O comitê da presidente eleita, Dilma Rousseff, e o PT foram os maiores beneficiários dessas doações, ficando com R$ 13 milhões — quase o triplo do valor repassado para a campanha do tucano José Serra.
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