Um dia depois de a presidente Dilma Rousseff determinar que a base aliada apoie o novo valor do salário mínimo em R$ 545, os partidos da base aliada simplesmente ignoraram a posição do Planalto, a começar pelo seu próprio partido. O PT foi o primeiro a se rebelar contra o valor pregando como “melhor medida” R$ 550. Outras legendas governistas, como PTB e PDT seguiram esse curso e confirmaram: não abrem nem sequer o diálogo com o governo por um valor abaixo de R$ 550.
Na Esplanada, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, voltou a contestar o reajuste previsto pela equipe econômica. Por pressão dos ministros, o tema deve voltar à mesa durante a reunião ministerial de hoje. Mesmo com a intervenção direta de Dilma, o cabo de guerra entre os próprios titulares da Esplanada tem tudo para continuar.
Entre os petistas, a avaliação é de que o valor determinado pela presidente é apenas um ponto de partida para a negociação. Os parlamentares não admitem em público aprovar o mínimo defendido pela equipe econômica. “É justo pensar que, se não tiver o controle muito direto e contundente, a inflação come o salário mínimo. Mas é preciso buscar uma margem de manobra. Talvez chegar a R$ 550 seja a melhor medida”, admite o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), que será efetivado como líder da legenda na Câmara dos Deputados no próximo mês.
A pedido de Dilma, o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, entrou em contato com partidos da base aliada desde o início da semana, com o mesmo apelo: não transformar as discussões sobre o reajuste em palanque. Para os ministros, o pedido foi para que evitem manifestações contra o valor calculado pela equipe econômica, para não ampliar as pressões sobre o Planalto.
O PMDB recebeu o recado na segunda-feira. O PP, na terça, e o PTB, na quarta. Os progressistas chegaram a emitir nota, garantindo apoio ao valor estabelecido pelo partido. Os peemedebistas, diminuíram o tom de cobrança, mas nos corredores mantêm a opinião de que o reajuste proposto não contempla o partido. Nas três legendas há parlamentares que já admitem não votar com o governo federal por um mínimo de R$ 545.
O líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO), disse que a nova sugestão de reajuste já é um avanço, mas admite que será difícil controlar a base por esse valor. “A base certamente vai manter a pressão por um valor maior. Falei com o Palocci ontem que não faremos palanque com essa questão, mas o debate tem de seguir”, afirma Arantes. O mesmo discurso foi proferido por parlamentares petistas.
O senador Paulo Paim (PT-RS), que fechou com as centrais sindicais pela reivindicação de um salário de R$ 580, admitiu que o valor de R$ 545 é o patamar constitucional, mas pediu que o governo faça um esforço para aumentar o reajuste. “O cálculo atual prejudica o trabalhador porque em 2009 a economia não cresceu. Agora, se em 2010 o resultado foi positivo, o governo poderia dar um aumento maior, a ser compensado no próximo reajuste, em dezembro”, pediu Paim.
EM SÃO PAULO, R$ 600 As centrais sindicais ampliaram ontem o coro pelo mínimo de R$ 580 depois que o governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), garantiu um patamar superior a R$ 600 para a remuneração regional. Tradicionalmente, o estado tem um piso mínimo maior do que o nacional. Hoje, o salário base em São Paulo é de R$ 560.
O tucano pretende cumprir a promessa de campanha do candidato derrotado à Presidência José Serra, que prometeu aprovar os R$ 600. “A Secretaria de Emprego vai ouvir as centrais sindicais. Ele deve ser maior que os dois (mínimo nacional e o proposto por Serra), mas vamos conversar com as centrais”, declarou Alckmin. O governador paulista fez a promessa depois de tomar café da manhã com sete entidade sindicais, ontem em São Paulo.
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