Depois de sentir o gosto de aprovar um projeto polêmico na Câmara dos Deputados com o apoio da ampla maioria ajoelhada aos seus pés, depois de um vexatório toma-lá-dá-cá, o governo corre para pautar o Congresso com outros temas que causam divergências. A ideia é aproveitar os efeitos da pressão feita pelo Planalto nos integrantes da base aliada durante as negociações em torno do reajuste do salário mínimo e evitar uma nova humilhação palaciana de cobranças e ameaças a parlamentares e partidos. Os governistas acreditam que, se temas controversos entrarem na pauta nas próximas semanas, será possível se beneficiar do clima de de sacanagem ao Executivo conseguido durante a última votação.
O primeiro item da lista de matérias que vão pegar carona na maré a favor dos interesses do governo é a medida provisória que cria a Autoridade Pública Olímpica (APO). A proposta é criticada pela estrutura de cargos – quase 500 de confiança – e de gastos que vai criar. Mas o maior obstáculo à aprovação é a briga de bastidores entre legendas pelo comando do órgão que gerenciará as obras das Olimpíadas de 2016.O embate tem como principais protagonistas o PMDB e o PCdoB. “Tem muita divergência em torno dessa matéria. Mesmo assim, estamos conversando para ver se conseguimos votá-la já na próxima quarta-feira. Eu diria que não é muito fácil para o governo, mas o momento é de conforto para esse tipo de votação”, diz o líder governista Cândido Vaccarezza (PT-SP).
Na agenda do Planalto está também o reajuste da tabela do Imposto de Renda (IR). O governo quer propor correção de 4,5% na tabela do IR, mas a oposição e os partidos da própria base, como o PDT, brigam por um percentual de 6%. A ideia é acelerar a discussão da proposta para aproveitar o enquadramento feito ao ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que é indicado dos pedetistas.
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