Após as chuvas, centenas de mortes na região serrana do Rio
800 vítimas de um crime premeditado
Matéria de Patrick Granja, especial para o jornal A Nova Democracia
Novamente as chuvas e o descaso do velho Estado fizeram milhares de vítimas em todo o Brasil. Como no início de 2010, quando dezenas de pessoas foram mortas soterradas em Angra dos Reis, novos deslizamentos e enchentes no início desse ano tiveram como resultado a morte mais de 800 pessoas somente na região serrana do Rio de Janeiro. Em vários outros estados, o mesmo resultado após as chuvas: em Minas Gerais e São Paulo, casas alagadas, mortos, desaparecidos, desabrigados.
Mais uma vez, o ano começa com temporais e as manchetes dos jornalões dando conta de uma suposta ‘tragédia climática’ causada por ‘ocupações ilegais’ das encostas. Mal começou 2011 e o número de mortos pelas enchentes e desabamentos estabelece a marca de um lamentável recorde.
Ano após ano, a tragédia se repete, principalmente nas áreas mais empobrecidas das cidades. São milhares de vítimas da negligência do Estado. As massas são acusadas de construírem suas casas em “áreas de risco” enquanto os gerenciamentos de turno escapam ilesos após aplicar suas políticas antipovo. As massas empobrecidas, expulsas das consideradas “áreas nobres” e empurradas para as periferias e encostas onde, por falta absoluta de planejamento urbano e quaisquer recursos de engenharia, jamais oferecidos pelo velho Estado, sofrem as terríveis consequências das chuvas.
Há seis anos, o gerenciamento Luiz Inácio anunciou milhões de reais na criação do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres, diga-se de passagem, não aplicados. Enquanto os governos perdem tempo e dinheiro decidindo se vão ou não criar um sistema capaz de prever as tempestades, somente em 2010, 7,8 milhões de pessoas foram vítimas das consequências das chuvas em 18 estados. No ano passado, 473 pessoas morreram, 101.298 ficaram desabrigadas; e 302.467 desalojadas. No total, em 2010, 1.211 municípios foram atingidos.
Governos previam e nada fizeram
No dia 22 de novembro de 2008 fortes chuvas assolaram Santa Catarina, ininterruptamente, durante cinco dias. 137 pessoas morreram nas sessenta cidades afetadas. Mais de 1,5 milhão de pessoas foram atingidas pelas enchentes, desmoronamentos, etc., e pelo menos 25 comunidades desapareceram do mapa.
As áreas atingidas com maior gravidade pouco viram do ínfimo fundo de prevenção de desastres criado pelo gerenciamento Luiz Inácio e os resultados não poderiam ser mais terríveis, uma verdadeira carnificina.
Os recursos prometidos para a prevenção de tragédias como as que presenciamos em janeiro no Rio não foram fornecidos pelo velho Estado e/ou não foram aplicados pelos gerenciamentos de turno. 450 mil reais previstos para obras de contenção na Estrada Cuiabá, em Petrópolis, não foram repassados. A região foi devastada pelas chuvas e 19 pessoas morreram somente nessa área. Para Nova Friburgo, outra cidade terrivelmente castigada pelas chuvas nesse ano, havia uma estimativa de repasse de 21,7 milhões de reais, mas os recursos também não foram aplicados. Lá morreram 404 pessoas*.
Fingindo surpresa, Dilma Roussef e Sérgio Cabral sobrevoaram a região serrana do Rio de Janeiro e prometeram a liberação de R$ 11 bilhões de reais do PAC. Após o show de demagogia e pretensa presteza de Roussef, foi anunciado que nas áreas atingidas os moradores poderão sacar do próprio bolso o FGTS e o seguro desemprego para arcar com os prejuízos humanos e materiais.
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