Nunca antes na história desse país tivemos 59 deputados respondendo a processos criminais e tomando posse na Câmara Federal. No Senado o chefe da gang assume a presidência da casa, sem problemas |
Hoje é dia de eleições. No Senado, José Sarney (PMDB-AP) não terá obstáculos. Na Câmara, Marco Maia (PT-RS) também deveria ganhar com facilidade. Tem o apoio de 21 dos 22 partidos com representação, até do PR, legenda do opositor. Sandro Mabel (PR-GO), entretanto, contra tudo e todos, mantém a candidatura. Sua arma é o voto secreto, por meio do qual espera colher o descontentamento daqueles que se dizem insatisfeitos com a distribuição de cargos do governo federal. Aliás, as duas candidaturas na Câmara foram motivadas pelo mesmo descontentamento.
Marco Maia derrotou o preferido do Planalto, o paulista Cândido Vaccarezza (PT-SP), pela insatisfação com o chamado “paulistério”. Sua candidatura veio como uma rebelião de outras bancadas estaduais. Sua ação incorporou a oposição, que acertou o apoio em troca de nomes na Mesa Diretora. Seu trunfo é a promessa de uma representação plural e proporcional às forças políticas representadas na Casa.
Nesse sentido, a candidatura Maia dá ao Congresso mais previsibilidade, consolidando a hierarquia partidária e uma maioria e uma minoria parlamentar, em que ambas possuem vez e voz. Por essa razão, recebe o apoio do governo.
Já Mabel aposta no coro dos descontentes e no chamado baixo clero, junto ao qual possui ótimo trânsito. O governo Lula pagou preço alto por ignorar o baixo clero e derrotar a candidatura de Virgílio Guimarães (PT-MG). Virgílio nunca foi do baixo clero, mas sabia como ninguém canalizar as suas simpatias. O governo teve de engolir Severino Cavalcanti(PP-PE), que levou o parlamento ao descalabro.
Sandro Mabel sabe que o fantasma de Severino é o seu pior inimigo. Maia tem aí o seu grande argumento. Desordem institucional atinge a todos os parlamentares e a Casa se amesquinha. Não faz bem nem à oposição nem ao governo. Os caciques partidários estão com Maia. Se o voto fosse aberto, ganharia. Como não é... Mabel leva à frente a sua luta. No voto secreto, cacique e índio se equivalem. A voz da razão parece ser apoiadora de Maia, mas no parlamento brasileiro esta senhora sempre foi minoria.
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