Se o objetivo do governo com os cortes orçamentários anunciados é o de "reverter as expectativas" dos agentes econômicos formadores de preços (empresas e mercado financeiro) em relação as suas reais intenções de agir com dureza para não deixar a inflação fugir do controle, dificilmente será bem sucedido. A poda orçamentária proposta, de responsabilidade dos ministros Guido Mantega e Miriam Belchior, foi recebida com desconfiança e ceticismo de um modo geral. Dos cerca de R$ 53 bi registrados pelos dois como sendo a economia que o governo fará este ano, os especialistas calculam que apenas pouco mais de R$ 13 bi de despesas previstas serão efetivamente cortadas. O resto, como se diz popularmente, é corte de vento: de intenções de despesas. Muito barulho por quase nada. Por exemplo : o governo não fará mais concursos este ano. Nem pagará a maior parte das emendas dos parlamentares.
Credibilidade em risco Em diversas ocasiões, Dilma e seus ministros disseram que os programas sociais do PAC não seriam atingidos pela foice que vai se passar no Orçamento. Pois bem, o Programa "Minha Casa, Minha Vida", incluído no PAC e voltado essencialmente para as casas populares, perderá R$ 5,1 bil dos pouco mais de R$ 12 bi que teria este ano. São essas "pequenas coisas" que costuma abalar o crédito dos governantes.
Sem explicações Entre as economias previstas por Mantega e Belchior, estão R$ 3 bi em diminuição com despesas de abono e seguro desemprego e outros R$ 2 bi de gastos menores com a Previdência. Acredita o governo que conseguirá tal feito com um pente fino para reduzir fraudes nessas duas áreas. Mas se havia suspeitas de fraude, por que tais providências não foram tomadas antes ? É impossível imaginar que com a economia crescendo menos o desemprego cairá ainda mais. E que as pessoas vão se aposentar menos... Também faltou explicar quais subsídios serão afetados pelo corte de R$ 8 bi e quais os efeitos desses cortes sobre os setores atingidos e sobre os preços de seus produtos e serviços.
Mais despesas A confiança fica ainda mais perdida quando, ao mesmo tempo em que fala num plano de cortes, o governo programa medidas que trarão, na outra ponta, aumento de despesas. Tais como : no aporte de recursos para o BNDES, aumento do bolsa família, recriação da Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), criação do ministério da Pequena e Média Empresa.
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