O fascismo foi um regime antidemocrático, e a falta de democracia nunca pode ser considerada positiva. Por isso não existe fascismo do bem. Essa expressão foi cunhada para igualar fatos completamente diferentes, como a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, sem saber que estava sendo gravado, fez um piada com a cidade de Pelotas (RS), conhecida no anedotário popular pela fama de cidade gay, e as polêmicas declarações do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) a respeito dos negros e homossexuais.
A fala do ex-presidente seria tão fascista como a de Bolsonaro, mas não teria provocado a mesma ira pelo simples fato de Lula ser um líder de esquerda e o deputado uma figura de direita. Portanto, o caso de Lula seria fascismo do bem e o de Bolsonaro do mal. Isso não existe. A fala de Lula foi uma piada infeliz e reflete uma marca do humor não só do Brasil, mas mundial, que é a exploração de forma pejorativa das minorias. A fala de Bolsonaro evidencia um modo de agir e pensar, uma filosofia de vida. Filosofia que já garantiu ao deputado seis mandatos no Congresso Nacional.
Como parlamentar eleito legitimamente com 120 mil votos, ele tem o direito de se expressar com liberdade e defender suas ideias na tribuna e onde quer que seja. Bolsonaro pode ser contra cotas raciais, contra o projeto de lei que criminaliza a homofobia, também pode rejeitar a união civil entre pessoas do mesmo sexo ou a adoção de crianças por casais gays. O direito ao contraditório tem de ser assegurado não só, e principalmente, ao deputado, como também à imprensa e quem quer que seja. Mas não se pode confundir liberdade de expressão com incitação ao preconceito e ao racismo. Isso é crime. A liberdade tem limite, que é justamente o respeito pela dignidade de todos os cidadãos.
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