Depois de passar um início de mandato sem sair muito ao relento, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) promete dar mais trabalho ao governo Dilma Roussef daqui para a frente. Depois de relatar projeto que muda o rito das medidas provisórias, em parecer que provoca urticária no Palácio do Planalto, o próximo passo é entrar para a área tributária. Como na semana que vem haverá a marcha dos prefeitos em Brasília, o senador pretende apresentar projeto que recompõe, gradualmente, a receita das prefeituras, em especial o Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Os números são eloquentes. Em 2002, a fatia delas no bolo tributário nacional era de 27%. Hoje, é de 19,4%. Uma diferença brutal.
Além de obrigar os prefeitos a passarem o mandato com o chapéu na mão em busca de recursos dos estados e do governo federal para fazer algumas obras, o atual sistema traz uma lógica perversa. Sempre que precisa fazer alguma intervenção econômica, o Ministério da Fazenda aproveita para usar o chapéu alheio. Foi o caso, por exemplo, da isenção do IPI na crise econômica de 2008. Os impostos que não entram na conta do FPM ficaram de for a. Parte da conta, os prefeitos pagaram.
Aécio trabalha com a ideia de que a melhor pressão sobre o governo federal é a dos prefeitos, porque constrange também a base do governo no Congresso. E cria um discurso para a oposição visando as eleições municipais do ano que vem. Tanto que o PSDB promete pagar na mesma moeda usada antes pelo PT. Vai espalhar cartazes, com fotos, dos deputados e senadores que votarem contra os municípios. A tática petista da época em que estava na oposição é mesmo constrangedora. O próprio Aécio lembra que ela espalhava um "retrato meu vagabundo" pelo país afora.
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