O governo vai correr sério risco de derrota hoje na votação do projeto do novo Código Florestal na Câmara dos Deputados. Pior, vai correr risco ainda mais sério se descumprir o acordo fechado na semana passada e não puser a proposta em votação. Na quarta-feira passada, a vice-presidente da Casa, deputada Rose de Freitas (PMDB-ES), topou encerrar a sessão, devidamente orientada a distância pelo presidente Marco Maia (PT-RS), que estava à tôa na Coreia do Sul, em troca do compromisso de só constar o código na sessão de hoje, que deve começar já de manhã. Também pudera. Naquele dia, além da oposição, estavam em obstrução a bancada ruralista, claro, e a dos evangélicos, por causa da cartilha sobre gays que o Ministério da Educação pretendia distribuir nas escolas. Hoje, o compromisso assumido com o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), terá de ser honrado, sob pena de desmantelar as relações na base do governo.
Para o Palácio do Planalto é um beco sem saída. Sem votar o Código Florestal, as medidas provisórias que mudam as regras de licitação para agilizar as obras da Copa do Mundo continuam na fila. E podem caducar, se a polêmica persistir. O jeito vai ser trocar um pelas outras. E arriscar a ficar mal com os ambientalistas, que podem não ser numerosos em plenário, mas são barulhentos e radicais.
Pelo andar da carruagem, o governo vai dar os anéis, a aprovação do relatório de Aldo Rebelo que agrada aos ruralistas, para tentar salvar os dedos, que são os quatro módulos de propriedades rurais e a possibilidade de estarem previstas em lei – e não serem definidas pela presidente Dilma Rousseff por meio de decreto – as culturas em áreas de rios. Pelo andar da carruagem, o governo vai dar os anéis e perder os dedos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário