Com juros em alta e aumento dos consumidores inadimplentes, agora são as empresas que deixam de pagar dívidas. Débito no setor cresce 23,6% em maio sobre mesmo mês de 2010
Aperto monetário, desaceleração da economia, crédito mais seletivo, inflação e aumento do calote dos consumidores formaram um coquetel que explodiu no colo das empresas na forma de aumento da inadimplência no mês passado. Pesquisa divulgada ontem pela Serasa Experian, empresa especializada em análise de crédito, aponta um aumento de 23,6% no calote em maio na comparação com igual mês no ano passado. Trata-se da maior alta registrada na variação anual desde julho de 2009, durante a crise financeira global. No comparativo com abril, houve avanço de 16,2%. De janeiro a maio, ante o mesmo intervalo em 2010, o crescimento foi de 7,1%.
Na semana passada, a Serasa apontou que a inadimplência dos consumidores avançou 8,2% em maio de 2011 ante abril, o que representa a maior alta mensal desde março de 2010. Em relação a maio de 2010, a alta foi de 21,7%. De janeiro a maio deste ano, o aumento acumulado é de 20,6% ante o mesmo período de 2010. “O brasileiro continua se endividando, principalmente na aquisição de bens duráveis, que têm maior valor agregado, longos prazos de parcelamento e formas mais caras de crédito, como o rotativo do cartão de crédito e o cheque especial”, disse, em nota, a instituição. Os economistas da Serasa lembram, porém, que maio teve um número maior de dias úteis na comparação com abril, o que contribuiu para a alta do calote.
O temor de uma bolha de crédito entre as pessoas físicas já levou financeiras como a Losango, do HSBC, a antecipar a renegociação de débitos atrasados dos clientes. Hilgo Gonçalves, principal executivo da instituição, explica que no ano passado houve um aumento natural da demanda por crédito em função da elevação da confiança do consumidor na economia brasileira. “O início deste ano foi atípico por causa do carnaval em março e do feriado da Páscoa. Isso fez com que as pessoas adiassem as preocupações com os seus compromissos financeiros. Além disso, a inflação apertou a renda disponível”, diz. Na avaliação dele, entre a última semana de março e a primeira de abril, a Losango percebeu um índice de atrasos de pagamento fora da curva. “Diante disso, procuramos os clientes oferecendo a renegociação”.
Dentro do dado geral da inadimplência das empresas, a modalidade que apresentou maior variação em maio foram os protestos, que subiram 26,3% ante abril, respondendo por 39,3% do índice mais amplo. Em seguida aparecem os cheques sem fundo, com alta de 11,2% (contribuindo com 34,3% do indicador geral). Por fim estão os bancos, com expansão de 7,8% (peso de 26,3%). De janeiro a maio, as dívidas com bancos tiveram um valor médio de R$ 5.049,81, o que representa um aumento de 5,8% ante o mesmo período de 2010. Os títulos protestados tiveram um valor médio de R$ 1.723,59 (alta de 7,0%) e os cheques sem fundo apresentaram valor médio de R$ 2.058,15 (alta de 2,7%).
Na comparação de maio ante abril, a inadimplência das micro e pequenas empresas foi a que menos cresceu (15,6%). Já a das médias empresas avançou 28,1%, e a das grandes teve expansão de 20,3%. Quanto à variação ante maio de 2010, a inadimplência das micro e pequenas cresceu 23,8%, a das médias empresas, 27,1%, e a das grandes, 15,2%.
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