Desde a entrevista do agora ex-ministro-chefe da Casa Civil Antonio Palocci, na semana passada, a presidente Dilma Rousseff já tinha decidido que o governo não poderia continuar sangrando. Chegou a confidenciar a intenção de demitir Palocci a alguns auxiliares de sua mais estrita confiança. Ontem, no entanto, depois do parecer favorável da Procuradoria-Geral da República sobre as denúncias, havia a impressão de que poderia haver uma tentativa de dar uma sobrevida a ele. Durou pouco. O que já estava ruim ficou ainda pior. Emblemático foi o que aconteceu na Comissão de Inteligência, que tem seis integrantes da oposição e do governo.
Presidida pelo senador Fernando Collor (PTB-AL), ela reúne os presidentes das comissões de Relações Exteriores das duas Casas, os líderes da minoria na Câmara e no Senado, o líder do PT na Câmara e o líder do governo no Senado, Romero Jucá, que nunca aparece nas reuniões. Ciente disso, o líder da minoria na Câmara, Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), apresentou requerimento de nova convocação de Palocci e foi acompanhado no voto pelo líder da minoria no Senado, Mário Couto (PSDB-PA), e pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO). A casa caiu, literalmente. Em pouco tempo, com Jucá à frente, o tal que não sai das páginas da revista Época por ladroagem,chegou a tropa de choque do governo para tentar derrubar a nova convocação.
O episódio terminou sem desfecho, mas pode ter sido mais um sinal para o Palácio do Planalto de que o governo continuaria sangrando se não houvesse um desfecho no caso e que a oposição não perderia a oportunidade de continuar fustigando a presidente Dilma. Ela, o que fez? Juntou a fome com a vontade de comer e, digamos assim, aceitou o pedido de demissão de Palocci.
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