No plenário, só havia uns gatos pingados, mas o governo queria porque queria votar a medida provisória que abre crédito para lugares que sofreram catástrofes, como Petrópolis, por exemplo. E algo mais, é claro. O contrabando era um crédito extraordinário de R$ 55 bilhões para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que já tinha recebido antes um aporte de R$ 270 bilhões do Tesouro Nacional. E foi com uma pequena plateia que o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG) desceu do muro que caracteriza os tucanos e teve o seu dia de radical do PSOL. Tanto que, depois da sessão, foi efusivamente cumprimentado pelos colegas Chico Alencar (PSOL-RJ) e Ivan Valente (PSOL-SP).
Pestana questionou o governo com a máxima de Bismarck, que dizia que as leis são como as salsichas, melhor não saber como são feitas. Faz sentido. O crédito a mais para o BNDES destina-se a aporte de capital para empréstimos a empresas privadas. O BNDES cobra juros subsidiados de 6% ao ano. Só que o Tesouro Nacional, de onde saiu o dinheiro, paga ao mercado juros de 12,25% ao ano estipulados pelo Banco Central.
A conta todo mundo sabe quem paga: é o contribuinte brasileiro, que paga uma das mais altas cargas tributárias de todo o mundo. A dúvida é se não vale a pena para as empresas aplicarem o tiverem em caixa com rendimento da Taxa Selic e ir ao BNDES suprir o mesmo caixa pagando a metade dos juros que recebem com a aplicação. É uma questão de matemática, não de política. Até porque a taxa de investimento das empresas não segue o mesmo ritmo de crescimento do Brasil.
O Élio Gaspari já disse que a Viúva dá no varejo à patuleia, via bolsas, e no atacado aos rentistas, via juros. Acresça-se, agora, as benesses do BNDS. Estamos bem.
ResponderExcluirZé Américo