Sexta-feira, o Partido Comunista da China (PCC), criado sob a égide do igualitarismo, completou 90 anos no comando de uma sociedade na qual a distância entre ricos e pobres é cada vez maior e os antigos inimigos da classe operária – os empresários – estão entre os beneficiários do espetacular crescimento do país. Enriquecer é a nova ideologia dos chineses. A maioria está mais preocupada com a inflação e com o exorbitante preço dos imóveis do que com as campanhas inspiradas na herança maoísta. ‘Muitos se importam com o partido, seja porque não há outra alternativa, seja porque ele serviu bem à China, mas poucos amam o partido’, diz a escritora Lijia Zhang, autora de A garota da fábrica de mísseis, em que relata sua experiência como operária em um estatal chinesa nos anos 1980. A China comunista tem o maior número de bilionários do mundo depois dos Estados Unidos e seus endinheirados transformaram o país no segundo maior mercado para produtos de luxo do planeta, atrás apenas do Japão. Com 80 milhões de filiados, o PCC criou uma elite que controla as gigantescas estatais e dirige negócios lucrativos. Os filhos da maioria dos líderes comunistas são empresários bem-sucedidos. O partido se transformou na nova aristocracia do país. O ingresso no partido é visto como passaporte para bons empregos e conexões com o poder que podem resultar em benefício econômico. A organização, porém, não está aberta a todos. Pelo menos 21 milhões de chineses apresentaram requerimento para entrar no partido em 2010, mas apenas 3 milhões foram aceitos. A prosperidade da ‘aristocracia vermelha’, associada à corrupção generalizada e ao abuso de poder, alimenta o ressentimento dos ‘excluídos’, que se manifesta no crescente número de protestos em todo o país. O primeiro-ministro Wen Jiabao está longe de defender mudanças que ponham em risco a posição do PCC, mas é visto como um dos mais ‘progressistas’. Por isso mesmo, Wen parece ser uma voz isolada no Comitê Permanente do Politburo, o grupo de nove pessoas que manda na China.
Em apenas trinta anos, a "mentira" a que o autor se refere tirou 300 milhões de pessoas da pobreza absoluta, por meio do desenvolvimento do país. Por outro lado, nós aqui no Brasil, que somos uns otários, vivemos cada vez mais felizes como esse pão e com esse circo sem fim, ainda que 60% da nossa gente não tenha direito a uma coisa tão fundamental como saneamento básico. Mas aqui há DEMOCRACIA: somos chamados a cada quatro anos para votar, sempre nos mesmos ou nos amigos dos mesmos. Eu fico me perguntando o que seria hoje da China sem o seu Partido Comunista, considerando-se o passado de dominação colonial, miséria, incompetência, servidão e atraso tecnológico.
ResponderExcluirDeixe-me dizer mais uma coisa.
ResponderExcluirEm 1980, a "aristocracia vermelha" da China (a direita e suas sacadas absolutamente geniais...) reuniu aquele heróico povo para perguntar: em que somos bons? A resposta veio rápida; os chineses, do posto de vista técnico e científico, eram bons em engenharia, principalmente civil. A partir daí traçaram-se todas as grandes políticas de desenvolvimento da China, de maneira que o empreendimento civil "arrastasse" em certa medida todos os outros saberes tecnológicos e científicos. As grandes cidades da China, as mais modernas e limpas do mundo, são o sinal do planejamento econômico associado aos mais firmes objetivos de civilização. Temos muito o que aprender com os chineses.