Pronto. Não faltou ninguém. A presidente Dilma Rousseff nem quis dar entrevista, mas conversou com a família e cumpriu a liturgia do cargo. Seu estilo foi mais mineiro que gaúcho. E o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso chorou, estava com os olhos vermelhos. E parecia sincero. A opinião é do ex-deputado Ciro Gomes (PSB-CE). É, é isso mesmo. Ciro, que não morre de amores por FHC e chegou a tirar uma casquinha nele, embora ressalvando que não era o momento para isso, achou que o ex-presidente tinha sido sincero ao se mostrar emocionado com a morte de Itamar Franco. No domingo, já tinham ido a Juiz de Fora para o velório os ex-presidentes Lula, Fernando Collor de Mello e José Sarney. Todos reverenciavam a memória de Itamar. Reverência tardia, mas antes tarde do que nunca.
Até na morte, Itamar foi o polêmico de sempre. Alguns ainda insistem em vê-lo como um político folclórico, apenas um homem de sorte, que sempre esteve no lugar certo e na hora certa. É, pode ser, mas é querer fechar os olhos à história. E é exatamente ela que fará justiça ao ex-presidente, que comandou a estabilização da moeda depois da hiperinflação. E, mais que isso, garantiu a estabilidade democrática em um momento crucial, o afastamento de Collor da Presidência para responder ao processo de impeachment instaurado no Congresso. Não custa lembrar que o alagoano chegou à Presidência da República na primeira eleição direta depois do regime militar. Tancredo Neves e seu vice, Sarney, tinham sido eleitos no colégio eleitoral.
Itamar tinha o seu jeitão, mas de político folclórico nada tinha. Nem mesmo quando pôs carros de combate da Polícia Militar no Palácio da Liberdade, sede do governo mineiro. A simbologia de seu ato era muito maior do que um risco real de intervenção militar ou política em Minas. O recado foi claro e objetivo. E deu certo. Furnas não foi privatizada até hoje.
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