Embora parcela dos analistas e, obviamente, os empedernidos governistas tenham entendido que Dilma agiu com eficiência nas suspeitas envolvendo o ministério dos Transportes, a interpretação é bondosa em demasia. É fato que não seguiu o padrão "episódio Palocci", mas as vacilações foram - e ainda são as mesmas - uma demonstração de que o governo, sem tutelas, sem temores e sem titubeios ainda não foi ainda inaugurado pra valer. O simples fato de a presidente ter "prestigiado" inicialmente o ministro Alfredo Nascimento, entregando a ele a investigação das supostas irregularidades, para depois forçá-lo a se demitir e, em seguida, convidar outro condestável do partido (PR) para o cargo e considerar ainda o ministério dos Transportes um feudo dos comandados de Valdemar da Costa Neto já diz sobre o grau de amarras que cercam S. Exa..
Asfalto movediço Tem mais a demonstrar os grilhões do governo :
1. Luiz Antonio Pagot foi dado como demitido, amuou e então foi aceito como estando de férias.2. O movimento para barrar uma possível CPI do DNIT que uma oposição combalida ameaça, sem nenhuma chance, convocar.3. A preocupação com a reação do PR.
O que ele fez, fazia e agora vai fazer Na estrutura dos ministérios, o secretário executivo é apontado como vice-ministro, o homem que toca o expediente, substitui o titular e coisas assim. No ministério dos Transportes, Paulo Sergio Passos exerce esta função desde a era de Lula. Já foi até ministro interino, quando o agora ex-Alfredo Nascimento saiu para concorrer ao Senado e depois ao governo do Amazonas. Guardou o lugar do titular. No caso levantado pela "Veja" o que viu Passos ? Ou não viu ? Ou fingiu-se de técnico apenas ? Ou contou tudo para alguém e viu o circo explodir ? Quais dessas credenciais fizeram de Passos o novo ministro, como o Palácio do Planalto anunciou ontem à noite.
Curvas traiçoeiras Pelas primeiras indicações, a crise foi jogada temporariamente para debaixo do tapete. É uma tentativa de acomodação política. Pelo ambiente do mundo de fora, Dilma precisa dar um murro geral na mesa. O Congresso e os partidos estão abarrotados de escaninhos e curvas traiçoeiras. Esta semana vota-se a Lei de Diretrizes Orçamentárias. Com armadilhas para pegar onça pintada.
E ele, o que é ? Pouca gente, pelo menos quem não é do "ramo", conseguiu entender ainda o papel do secretário geral da presidência da República, Gilberto Carvalho, no governo Dilma. Ele está em todas (ou quase todas) as exposições para a mídia, ao contrário do discreto e eficiente mineiro Luiz Dulci no posto palaciano com Lula. Foi de Carvalho a solução (temporária) das férias de Pagot, depois de o Planalto ter saído com a notícia da demissão imediata do homem do DNIT. Disseram a jornalistas que Dilma teria ficado irritada com o auxiliar direto por isso. Mas ficou irritada apenas neste caso ?
O silêncio dos inocentes - O retorno Ativos no episódio Palocci, um muito diretamente, o outro mais nos bastidores, o presidente de honra do PT e ex-presidente da República, Lula da Silva, e o presidente licenciado do PMDB e vice-presidente da República, Michel Temer, guardaram obsequiosa e silenciosa distância do asfalto selvagem do ministério dos Transportes. Afinal, o negócio Palocci, embora atingisse indiretamente o governo, era mais uma questão pessoal. Já rodovias, ferrovias e tais... Em tempo : o PMDB, na fase de formação do governo Dilma, teve entre seus ministérios mais cobiçados o dos Transportes.
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