A dúvida da moda em Brasília é saber até onde irá a presidente Dilma Rousseff na operação de reconcentrar poder. Em tese, tem boa chance de ir longe. A Presidência no Brasil é potencialmente imperial, o presidente pode quase tudo, inclusive porque legisla ad referendum do Congresso. E apetite não parece faltar a sua excelência. A substituição de ministros tem sido rápida e cirúrgica. Nada daqueles longos e tediosos processos de consulta a aliados, com algumas excessões como foi o caso do Palocci.
O governo Dilma desconhece a decantação, ignora olimpicamente a regra de esperar as coisas acontecerem com aparência de naturalidade. Prescinde da formação de massa crítica. Os balões de ensaio andam meio murchos. É o governo do manda quem pode e obedece quem tem juízo. Do “você sabe com quem está falando?”. A dona é chegada a um barraco. Agora mesmo o noticiário anda coalhado de recriminações ao estilo, digamos, assertivo da presidente no trato com assessores e auxiliares. Mas tudo em “off”, no anonimato, que o mar não anda para peixe.
Até o tradicional quem é quem já deixou de ter a importância do passado. Celso Amorim substituiu Nelson Jobim na Defesa e houve alguma marola. Desnecessário. Pois o ministro da Defesa continuará a atender pelo nome de Dilma. Assim como o da Fazenda, ou o presidente do Banco Central. Ou eventualmente o da Saúde. Ou da Educação.
Ou o articulador político. Ou qualquer um cujas atribuições formais adquiram tamanho estratégico. Ou apareçam com alguma relevância na tela do radar presidencial.É um governo de ministérios limados da dimensão política, tendência que surfa no mito da gestão técnica. Mito que, aliás, a elite e a classe média a-do-ram. O governo dos ministros-gerentes, comandados pela chefe com mão de ferro.
Mas, e aí, vai dar certo? A crítica recorrente ao estilo de sua excelência embute naturalmente a torcida para que dê errado. Quando alguém reclama por ter sido supostamente desrespeitado, deve-se avaliar a possibilidade de a reclamação provir de outra mágoa: talvez o reclamante esteja reclamando de não mandar nada. É como o deputado ou senador que vaza para a imprensa estar magoado pelo modo como é tratado quando precisa ir ao Palácio do Planalto. É provável que o parlamentar não se incomodasse caso a rudeza no particular recebesse a contrapartida pública de demonstrações de prestígio. Como verbas liberadas para a base eleitoral, convites para acompanhar a presidente em atos no estado, influência visível na máquina estatal. Etc.
Ou seja, o governo tem margem de manobra, e rabo preso como ficou demonstrado no episódio recente de retirada de assinaturas da CPI dos Transportes. Com a pomada do tradicional varejo.
Onde estão as armadilhas? Uma delas seria a vulnerabilidade presidencial a acusações, coisa que não parece estar no horizonte. Seria uma surpresa. Até porque Dilma se movimenta com a desenvoltura dos destemidos. Outra hipótese é uma crise com o Congresso Nacional, este criando um atoleiro para o Executivo. O pântano paralisante. Por enquanto um risco limitado, desde que o Planalto não tem agenda relevante de reformas, não depende do Legislativo para transmitir a imagem de sucesso.
O sucesso ou o fracasso de Dilma Rousseff serão medidos pela economia, (que anda mal, obrigado!) nos parâmetros tradicionais da inflação, do crescimento e do emprego. Se isso estiver bem, ou pelo menos se as pessoas acharem que está bem, os políticos “magoados” pouco terão a fazer de prático contra o trator presidencial. Porque não é crível, por enquanto, que os magoados e desossados se unam numa grande frente, para bater de frente. Num conglomerdo de insatisfeitos dispostos a matar ou morrer para encurralar – ou até por abaixo – este governo.
Mais provável é que continuem tentando resolver as pendências cada um por si. Até porque as contradições entre eles são, pelo menos, tão agudas quanto as de cada um deles com a atual ocupante da cadeira presidencial. Por enquanto.
Está mto bom esse texto! abs
ResponderExcluirO Homem superando o Homem. Gostei muito. Vou jogar o endereço no Twitter.
ResponderExcluirA minha opinião a respeito de sua matéria, é que a Dilma está perdida. Vai chegar o momento que a autoridade dela vai recair sobre si.
ResponderExcluirAbraços,
Assis Azevedo
Mais do que nunca, o congresso está parecendo um "puleiro", onde as cacas, mancham a dignidade dos políticos éticos, que convenhamos são poucos. A política atual vive em um constante "Duelo de Titãs", não é de se espantar, são tantos partidos e cargos para funcionários, que admiraria se não houvesse intrigas. A oposição como sempre, faz bem o seu papel político, porém, não é o bastante, uma prova viva é a retirada das assinaturas para a CPI dos Transportes. E detalhe, a Dilma enfatizou durante toda a sua campanha eleitoral que iria dar melhorias e dignidade para a MULHER, portanto, não vejo diferença, sou profissional da saúde, estou me especializando em uma área de diagnóstico que trata da saúde feminina(câncer do colo uterino, câncer de mama etc). E pasmem, a cada ano que passa, a área da mulher se desvaloriza mais e mais. Dilma, a MULHER presidenta e guerreira que está pouco se lixando para a saúde da MULHER.
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