Tá aqui, oh... Se quiser eu mostro! |
O habilidoso, e falatrão, ministro da Defesa, Nelson Jobim, esteve ontem no programa Roda Viva, da TV Cultura. Tirando alguns lampejos de stress (que, no caso, é algo bem-vindo), no geral o ministro cozinhou e jantou os entrevistadores. Marília Gabriela, então, com sua ingenuidade pueril, foi chamada por ele, num momento, de menina (ela, vaidosa, deve ter achado que era por outro motivo...). A questão é que, experiente, inteligente, ele deixou claro para os telespectadores que é Dilma quem precisa dele, com sua interlocução fácil na caserna, e não o contrário. O ponto alto foi quando o jornalista Augusto Nunes perguntou ao ministro quais eram mesmo os artigos que ele dizia ter inserido na CF/88, e que não tinham sido votados. Ele, atipicamente tenso, dizendo que já previa a pergunta, trouxe um dossiê para mostrar que os artigos que ele gostosamente enfiou na Constituição tinham sido referendados numa votação extemporânea, ou seja, num terceiro turno.
Já que, segundo o ditado, recordar é viver, vale a pena lembrar, mesmo porque os mais novos talvez nem saibam dessa história. É que no dia 5 de outubro de 2003, quando assistíamos às comemorações pelos 15 anos de nossa Carta Magna, o ministro Nelson Jobim, então no STF, jactava-se de ter enfiado, quando foi deputado constituinte, em 88, dois artigos que não tinham sido nem sequer votados. Dizia, ainda, que não revelou isso antes, pois havia feito um pacto com o deputado Ulysses Guimarães, então presidente da Assembleia Nacional Constituinte. A reação da comunidade jurídica foi imediata. Inúmeros juristas, incluindo aí pares do ministro, repudiaram a declaração. E o ápice da história estava ainda para começar. Ele se deu quando o Professor Celso Antônio Bandeira de Mello, honrando-nos, desencadeou, a partir de artigo veiculado exclusivamente em Migalhas, uma campanha pelo "impeachment" do ministro Jobim. De fato, não podia passar em brancas nuvens a confissão do ministro de ter, em pandilha, enxertado artigos em nossa Constituição. Desde este dia, e por inúmeras dezenas de informativos, este tema ocupou nosso poderoso rotativo. O ministro, na época, balançou, mas não caiu. Por outro lado, a comunidade, também, não deu de barato essa caudilhada.
Todos já sabiam que ele tiraria de letra toda e qualquer saia justa que, um ou outro, estavam prontos a causar.
ResponderExcluirA verdade é que, com tantos anos de janela e, com ampla adesão dos governos, Jobim sabe quando pode por a mão na cumbuca e,sair ileso.