Araçuaí, Itaobim, Ponto dos Volantes, Teófilo Otoni e Virgem da Lapa – Em duas das regiões mais pobres e miseráveis do país, o Vale do Mucuri e o Vale do Jequitinhonha/MG, o negócio da morte é próspero.
Uma empresa cobra dos mais pobres – de preferência analfabetos mais velhos e sem qualquer tipo de informação – valores que variam entre R$ 10 e R$ 30, dependendo do município, a título de plano funerário.
Não há contrato, apenas a confiança do miserável de que, ao morrer, vai receber um buraco de sete palmos, um caixão e em alguns casos uma galinha (viva), que será entregue à família como “merenda” para o velório.
A única garantia dos adeptos desse plano, disseminado em toda a zona rural da região, carente de água, saneamento básico, escolas e de emprego, é um carnezinho azul cor do céu com nuvens brancas. Lá, aparece o nome do beneficiário e o da Funerária Teófilo Otoni, que também responde pelo nome fantasia de Serviços Sociais Teófilo Otoni. É a maior prestadora de serviços dessa natureza e já atua em 27 municípios do estado e dois no interior da Bahia.
A captação de clientes é feita, muitas vezes, diretamente nos hospitais públicos. Mas essa não é uma realidade exclusiva da zona rural do Jequitinhonha e Mucuri. Os planos funerários têm crescido em todo o Brasil e já foram até alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados. O problema é que não existe no Brasil uma regulamentação para esse serviço – novidade! - nem a definição sobre a responsabilidade pela sua fiscalização. Como acontece com os outros tipos de seguro, controlados pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), uma autarquia do Ministério da Fazenda. O Congresso tem proposta para regular o setor, mas elas ainda estão no papel.
Enquanto isso, muitos consumidores podem ser lesados em um dos momentos mais difíceis da vida: a morte. Quem manda ter nascido no Brasil?
Nenhum comentário:
Postar um comentário