Se quiser mesmo insistir na CPI para investigar o Ministério dos Transportes, a oposição no Senado terá que remar tudo de novo. O presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), arquivou o pedido, por “não atender aos requisitos necessários”. A justificativa tucanou a falta do número mínimo de assinaturas para que a comissão pudesse existir. Ela tinha apenas 25 subscrições, quando são necessárias 27 assinaturas. Este número chegou a ser alcançado, mas os senadores João Durval (PDT-BA) e, pasmem, o tucano Ataídes Oliveira (TO) voltaram atrás. Ontem, depois de almoçar no restaurante do Senado com o líder de seu partido na Casa, Álvaro Dias (PR), mudou de ideia mais uma vez. Mas já era tarde. O governo havia também conseguido que o senador Reditário Cassol (PP-RO) desistisse de apoiar a CPI. Ficaram, entre ontem e anteontem, 25 assinaturas na CPI.
Álvaro Dias pode pedir que esses senadores voltem a assinar outro requerimento, mas o clima será menos favorável do que foi até a noite de terça-feira. O governo não descuidou e preferiu não correr o risco de instalar uma comissão de inquérito de consequências imprevisíveis. Adotou outra tática. Permitiu que a oposição convidasse vários ministros para comparecerem a comissões na Câmara dos Deputados, a exemplo do que fez ontem o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, ligado ao PMDB. Rossi deitou e rolou, apresentou seus argumentos, só foi um pouco pressionado pela oposição e deu conta do recado. Afinal, recebeu mais afagos que ataques. Afinal, a bancada ruralista é, provavelmente, a mais numerosa da Casa. Quem quer desagradar logo ao ministro da Agricultura?
Sem a CPI, caso a oposição desista, a crise tende a perder força nos próximos dias. Os ministros vão cumprir tabela comparecendo ao Congresso, outros assuntos vão surgir e o governo vai tocar para frente. Bem, para isso, é preciso soltar emendas e preencher cargos. Uma hora, caso isso não acontecer, a merda vai bater no ventilador.
Se esta CPI vir a se tornar uma realidade, acredito que teremos outro Presidente caçado.
ResponderExcluirAugusto, tenho a mesma opinião sua!
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