Pela segunda vez este ano (a primeira foi em abri), milhares de médicos em todo o país deixaram de atender ontem os usuários de planos de saúde. E com razão! Só no Rio, cerca de 90 mil consultas e outros procedimentos não urgentes foram suspensas, deixando na mão os clientes, que, individualmente ou com a ajuda de seus empregadores, pagam mensalmente para ter o serviço. Os médicos reclamam o descumprimento de tabelas mínimas de remuneração por seu trabalho. Querem que os planos lhes pagem por uma consulta, por exemplo, pelo menos R$ 60. Hoje, conforme denunciam as entidades da classe médica, essa remuneração é de no máximo R$ 40.
No RJ, na maioria das tabelas praticadas pelos planos de saúde, uma consulta fica entre R$ 23 e R$ 27. Além dos médicos, outros profissionais da área, incorporados por determinação do governo nos serviços obrigatoriamente cobertos pelas operadoras de planos, como fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, engrossam a lista de reclamações, alegando receber ainda menos, entre RS 4,20 e R$ 12.
A queda de braço entre os profissionais e as operadoras privadas da prestação de saúde é antiga e não é o único problema dessa relação mal resolvida no país, entre o usuário contratante, o contratado plano de saúde e o governo, que é o concedente do serviço à iniciativa privada, sob o carimbo de saúde complementar. Na verdade, as queixas do lado mais fraco, isto é, o do consumidor, são muito maiores. Em recente reportagem sobre o assunto (Economia, 20/9/2011) uma usuária ouvida pelo Estado de Minas resumiu com perfeição o que vem se passando no setor: “Os planos de saúde se tornaram o SUS particular”. De fato, bem pior do que a situação dos médicos, que têm a alternativa de não atender mais pelos planos de saúde, é a de muitos de seus clientes, que estão entre os mais de 46 milhões de brasileiros que pagam as mensalidades na expectativa de que teriam serviço diferente do Sistema Único de Saúde, o serviço prestado pelo governo. Agora, mal-atendidos e às vezes maltratados, eles amargam nas filas de espera, sem horários para serem atendidos e de leitos para se internarem. E o pior é que não têm como receber de volta o que gastaram, mesmo sem ter a assistência pela qual pagaram. E, mesmo contando com a participação majoritária da empresa em que trabalham, a mensalidade de um plano de saúde pesa no orçamento do trabalhador de classe média para baixo.
Está clara, portanto, uma situação em que ninguém está satisfeito. É hora, então, de a autoridade concedente, este governo de merda que aí está, agir. Qual é, afinal, a distância entre o que as operadoras recebem dos usuários e o que elas pagam aos médicos e hospitais? Buscar o equilíbrio nesse caso é papel que deveria caber à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Criadas para se colocar entre o poder concedente e o concessionário de serviço público, sempre em favor da qualidade do que é prestado à população, as agências reguladoras de atividades públicas concedidas à exploração privada têm sido esvaziadas no Brasil. Há entre executivos nomeados pelo governo para dirigir esses órgãos os que recusam o papel de mirar no benefício ao consumidor o destino de todas as suas ações. A decisão dos médicos de fechar as portas para o usuário de planos de saúde, mesmo correndo o risco do descredenciamento, é um aviso de que a relação desses profissionais com as operadoras deixou de valer a pena. Quem vai cuidar do usuário?
Detalhe: o judiciário está nas mãos dos planos...
CARO EDUARDO
ResponderExcluirAPENAS A REPETIÇÃO DA HISTÓRIA DE MUITAS DÉCADAS ATRÁS. NÓS CIDADÃOS LETRADOS E CLASSE MÉDIA, VENDO OS SERVIÇOS PÚBLICOS DOS POSTOS DE SAÚDE DECAINDO NO ATENDIMENTO, PASSAMOS A COMPRAR PLANOS DE SAÚDE EM VEZ DE IRMOS BRIGAR POR ESTE DIREITO QUE ESTÁ NA CONSTITUIÇÃO. COM ISSO DEMOS OPORTUNIDADE PARA OS GOVERNANTES ABANDONAREM ESTE DIREITO À PRÓPRIA SORTE E MALE MAL ATENDENDO A POPULAÇÃO MAIS CARENTE!!
HOJE, PAGAMOS UM PLANO CARO RECEBENDO O MESMO SERVIÇO QUE NÃO ACEITÁVAMOS NO PASSADO!!!!!!
OS RESPONSÁVEIS???? TODOS NÓS!!!!!!!
NA EDUCAÇÃO, NA SEGURANÇA SEGUIMOS O MESMO CAMINHO: COM A DECADÊNCIA DO ENSINO PÚBLICO COLOCAMOS NOSSOS FILHOS NA ESCOLA PRIVADA QUE COBRA O QUE QUER PARA TAMBEM DAR UM ENSINO PÍFIO!!
NA SEGURANÇA DAVA TRABALHO IR FAZER BO E SEMPRE O MANTRA: FORAM OS ANÉIS MAS FICARAM OS DEDOS E HOJE ESTAMOS ENGAIOLADOS NA PRÓPRIA CASA!!
PRECISAMOS MUITAS VEZES LEVAR VÁRIAS LAMBADA, DÉCADA APÓS DÉCADA PARA DESPERTAR DO QUÃO MALÉFICO FORAM NOSSAS ATITUDES INDIVIDUAIS SEM PENSAR NO COLETIVO!!
HOJE ESTAMOS NAS RUAS EM MARCHA CONTRA A CORRUPÇÃO PARA COLOCAR O TREM BRASIL NOVAMENTE NOS TRILHOS!!!!!
Marisa Cruz