A Lei Ficha Limpa, uma conquista da sociedade, nascida de projeto de iniciativa popular com 1,6 milhão de assinaturas, completa um ano de aprovação e dois de apresentação no Congresso. E pouco há a comemorar. Para marcar a data, um grupo de entidades ligadas ao tema promoveu uma bela manifestação em Brasília: levou 513 vassouras para simbolizar o número de integrantes da Câmara dos Deputados e mais 81, que é a quantidade de senadores. E o que aconteceu? Algumas dezenas delas, que estavam fincadas nos jardins da Praça dos Três Poderes em Brasília, foram roubadas. É isso mesmo. As vassouras novinhas em folha atiçaram a cobiça de alguns brasileiros. É mau sinal. Mais que isso, é sinal de que se os poderosos não se submetem à faxina, locupletemo-nos todos. Nem que seja com uma vassourinha. E olha que não estamos falando do símbolo da campanha que levou Jânio Quadros à Presidência da República. E deu no que deu. Melhor nem tocar no assunto.
Voltando ao projeto de iniciativa popular, o caso ainda está parado no Poder Judiciário, novidade! O Supremo Tribunal Federal provocou a primeira decepção nos brasileiros que subscreverem a proposta ao julgar, em março, a retroatividade da lei. Foda-se, pra nós! Ela não valeu para as eleições de 2010. Mesmo quem tinha ficha suja acabou assumindo o mandato. Agora, falta o mérito da ação, ou seja, se a legislação é ou não inconstitucional. Uma decisão em favor da inconstitucionalidade seria uma ducha de água fria nos brasileiros.
O Supremo vive um dilema (ser ou não ser bandido, eis a questão!): na primeira votação, deu empate, de cinco a cinco, já que havia uma vaga não preenchida na mais alta corte do país. Foi preciso aguardar o 11º ministro para desempatar. E agora, com a aposentadoria da ministra Ellen Gracie, a situação se repete. Com medo de novo empate, a corte prefere empurrar com a barriga.
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