O governo federal finalmente começa a dar mostras de reconhecer que lhe cabe oferecer resposta à gravíssima questão do crack, droga que vem fazendo uma verdadeira devastação em todo o país, seduzindo e afastando da escola e do trabalho milhões de pessoas, especialmente as mais jovens. O programa oficialmente lançado ontem pela presidente Dilma Rousseff é uma promessa de campanha que chega com praticamente um ano de atraso, e prevê ações articuladas e sinaliza o combate ao crack e o atendimento às suas vítimas ganharam o status de prioridade reclamado há tempos. Estão previstos gastos de R$ 4 bilhões em programas distribuídos em três linhas de ação: cuidado, autoridade e prevenção.
Sem temer a polêmica que o tema vem provocando nos últimos meses no Rio e São Paulo, o programa prevê a internação involuntária dos viciados e, para isso, pretende investir R$ 670,6 milhões na criação de enfermarias especializadas em dependência química na rede do Sistema Único de Saúde (SUS). Tenho que ver pra crer!
A expectativa oficial é de que serão oferecidos 2.462 leitos destinados ao tratamento de usuários de drogas, em especial o crack. Também está programado o treinamento de profissionais da área da saúde, além da ampliação de vagas de residência médica no setor. No item autoridade, o programa, que adota o lema “Crack, é possível vencer” (sem emprego, escola e saúde fica difícil!), prevê a participação de todos os níveis de governo em ações integradas de inteligência para identificar e prender os agentes do tráfico. O governo assegura que não faltará policiamento ostensivo nos pontos de uso de drogas em todo o país, além de projetos de revitalização desses locais, geralmente degradados.
O programa pretende fechar o cerco ao uso do crack com ações no sentido da prevenção voltadas para a população mais jovem, com atuação direta em 42 mil escolas públicas, envolvendo 2,8 milhões de alunos por ano. A previsão (previsão, na altura do campeonato?) do governo é capacitar, em quatro anos, 210 mil educadores pelo Programa de Prevenção do Uso de Drogas na Escola, e 3,3 mil policiais militares do Programa Educacional de Resistência às Drogas. Já não era sem tempo. Recente reportagem do Estado de Minas, com base em assustadores conclusões de um estudo da Confederação Nacional dos Municípios, revelou que mais de 90% das cidades de todos os portes já convivem com a invasão descontrolada do crack e só algumas contam com Centros de Atenção Psicossocial (Caps). A propósito, esta não é primeira vez que anunciam em Brasília a intenção de atacar o problema do crack. No governo passado um programa com igual propósito não foi além do papel.
Por isso mesmo, a radiografia da tragédia promovida pelo crack revela o crescimento acelerado do mal que, sem combate eficiente, lança mão de seus atrativos: preço baixo, efeito instantâneo e compra facilitada até mesmo em pequenas cidades. O quadro de horrores já fala por si e demanda urgência. Mas nem mesmo a pressa pode justificar falhas que colocariam em risco o programa. O ataque às três frentes anunciadas não pode padecer de desequilíbrios. Quando se sabe que o SUS tem deixado doentes nos corredores e grávidas ao relento, teme-se que os recolhidos à força nas ruas não encontrem os leitos prometidos nem a assistência de que necessitam para se salvarem do crack. Desta vez, se a droga derrotar o programa, as consequências serão ainda mais dramáticas.
Realmente é muito bonito o programa, que temos que ver p crer, mas além disso faltou a questão básica e a meu ver principal, pois se não atacarem na fonte, nada terá resultado, apenas se multiplicando os viciados. Atacar a fonte produtora dos insumos ! Apenas o Brasil na AL, produz esses insumos em escala industrial, éter dentre outros. Uma monitoração destas compras é imprescindível, e sem isso, os resultados serão sempre pífios. Ou seja: Propaganda enganosa enquanto a Saúde agoniza.
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