Só pode ser demonstração de fina ironia. Cantores estiveram ontem na Câmara dos Deputados. É que estava em votação o segundo turno da proposta de emenda constitucional (PEC) que isenta de impostos os CDs e DVDs de artistas brasileiros. É reivindicação antiga de cantores, bandas e compositores. A fina ironia, no entanto, estava na atitude de alguns dos presentes. Antes de se encontrarem com o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), eles percorreram os corredores da Casa. Cantando, é claro. Até que a certa altura resolveram homenagear a Legião Urbana, do saudoso Renato Russo. Aí, não deu para despistar. Só não houve constrangimento porque os parlamentares fingiram que nem ouviram.
“Nas favelas, no Senado... Sujeira pra todo lado... Ninguém respeita a Constituição, mas todos acreditam no futuro da nação “, são as primeiros versos da música. Pelo menos, ela foi cantada na Câmara dos Deputados, não no Senado. O refrão todo mundo conhece: “Que país é esse?”, repetido várias e várias vezes. E vai além: “Terceiro mundo, se for... Piada no exterior. Mas o Brasil vai ficar rico. Vamos faturar um milhão quando perdermos todas as almas dos nossos índios no leilão”.
Entre os artistas presentes, a cantora Fafá de Belém prometeu fazer um show para agradecer o povo brasileiro pela aprovação da matéria. Bem, vai depender do repertório do espetáculo. Se a provocação dentro do Congresso já foi com Renato Russo e companhia, imagine em praça pública. Pelo jeito, não vai aparecer um deputado ou senador. Pensando bem, uns gatos pingados devem aparecer. O senador-cantor Eduardo Suplicy (PT-SP), por exemplo.
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