Em matéria econômica não existe pior crise que a cambial. A dúvida sobre a credibilidade, a estabilidade e a solvência da taxa de câmbio e seus correspondentes ativos financeiros não pode persistir por longos períodos sob pena de instalar ou aumentar a dinâmica dos colapsos financeiros. Se a moeda "sob contestação dos agentes" for uma das mais transacionadas do mundo, a crise é muito maior. Embora esta assertiva seja amplamente conhecida pelos economistas e não-economistas, não deixa de ser surpreendente a irresponsabilidade dos líderes europeus em relação ao tema, sobretudo no caso da chanceler alemã Angela Merkel que quer impor modelos fiscais em meio a um turbilhão cambial. É como se os bombeiros ficassem discutindo sobre as origens de um incêndio em meio a sua propagação. Nesta hora, o que começa a aparecer no horizonte é a perspectiva de que o Banco Central Europeu (BCE) irá fazer uma intervenção da ordem de US$ 1 trilhão para aumentar a solvência de países e bancos. Talvez esta seja, de fato, a única medida cabível em meio às especulações de que o euro irá entrar em colapso.
Consequências da intervenção
Consequências da intervenção
No caso da Europa, é sempre bom ter certeza sobre o contexto e a magnitude da intervenção do BCE nos mercados antes de avançarmos em prognósticos. No próximo dia 9, a cúpula da União Européia irá se reunir para (mais uma vez) discutir a crise no Velho Continente. Até lá é possível que o BCE já esteja em plena ação. Este pacote, se for mesmo de US$ 1 trilhão, parece ser capaz de provocar a estabilização financeira em todo o continente, especialmente na Itália e Espanha. Esta estabilização é condição sine qua non para que o longo rescaldo relativo à recessão, desemprego e melhoria das contas fiscais possa andar para frente. Ainda sobrará muita dor social e econômica aos países, mas a superação da corrente especulação deve favorecer a valorização dos ativos (ações e títulos de renda fixa), bem como tornar menos neurótica as operações usuais dos agentes. O mundo agradece e torce para que dê certo.
Os EUA devem ser os mais beneficiados
A economia norte-americana representa cerca de 1/4 do PIB mundial e, por ser muito aberta, é muito dependente do consumo mundial e de seu próprio consumo (que, por sua, vez representa 2/3 do PIB norte-americano), deve ser a maior beneficiária da estabilização europeia. Além disso, já existem sinais iniciais de que o consumo das famílias americanas está começando a crescer. Ainda não dá para estarmos certos de que se trata de um novo ciclo econômico que se inicia, mas, como já afirmamos há um mês, as chances de reversão são concretas. Note-se que não estamos dizendo que devemos sair por aí soltando fogos. O que estamos dizendo é que o pior parece estar passando. É hora de não nos conformarmos com o pessimismo reinante, mas o de olharmos para o futuro e tentarmos extrair oportunidades (hoje) dele.
Nenhum comentário:
Postar um comentário