Como a Fênix na mitologia grega, o projeto do novo Código Florestal pode renascer das cinzas e ser votado, talvez ainda esta semana, na Câmara dos Deputados. O governo já havia decidido não correr riscos, por causa da ameaça da numerosa bancada ruralista de descaracterizar o texto aprovado no Senado, negociado pelo relator, senador Jorge Viana (PT-AC), que tem vínculos com os ambientalistas. Na verdade, os deputados não têm como mudar o texto aprovado pelos senadores, mas contam com a prerrogativa de suprimir alguns pontos. Embora identificado com os ecologistas, Viana negociou vários itens com os ruralistas. No fim, apresentou um texto que agradou à presidente Dilma Rousseff. Por isso ela estava tão cuidadosa.
Um grupo de deputados ligados aos fazendeiros foi ontem mesmo para Brasília. Eles tinham reunião marcada na Comissão de Agricultura da Câmara para tentar convencer alguns colegas ruralistas mais radicais a aceitar o texto acertado no Senado. Os parlamentares dizem que que não é o melhor dos mundos, mas que é o projeto possível de ser negociado agora. Foi com essa expectativa que a presidente Dilma Rousseff autorizou o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), a acenar com a possibilidade de votação ainda este ano, desde que houvesse consenso. Antes, Maia já tinha sido orientado a não pôr a proposta em pauta, para não correr risco de uma surpresa desagradável na última hora.
Como os dois lados, tanto os fazendeiros quanto os ambientalistas, são radicais na defesa de suas posturas, a costura de um acordo vai depender de muita habilidade. Por isso os ruralistas menos radicais tentam convencer os mais exaltados a aceitar o texto que voltou do Senado. É, na prática, a política do possível em ação.
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