Por Luiz Holanda
Com a instauração do Brasil República pelo golpe militar chefiado pelo marechal Deodoro da Fonseca, a corrupção entre nós se institucionalizou de tal maneira que se tornou uma forma normal de governar. Existente desde o periodo da colonização portuguesa, agravou-se com as concessões de obras públicas e com a arrecadação de dinheiro para financiamento das campanhas eleitorais. A “caixinha do Adhemar”, político paulista, tinha origem nas comissões cobradas pelas obras concedidas pelo governo na base do “Rouba, mas faz”. O golpe militar de 1964 também a utilizou, entre outros, nos casos Capemi e Coroa-Brastel, uma amostra do que ocorria nas empresas estatais.
A redemocratização exarcebou o processo com a eleição de Collor. Foi nessa época que o esquema de arrecadação de recursos ficou conhecido como o “Esquema PC”, sigla baseada no nome do tesoureiro da campanha colorida, Paulo Cesar Farias, posteriormente assassinado e acusado de ter se apropriado das sobras. Na época de Fernando Henrique era constante, tendo aumentado por ocasião da aprovação da emenda constitucional da reeleição. Com a chegada do PT ao poder, o Judiciário –antes o mais respeitado do país-, passou a integrar o trio. Desde então, a imprensa vem denunciando, quase que diariamente, as mazelas de alguns dos seus integrantes. No Executivo, o mensalão e outros casos vieram à tona. Os próprios filhos do presidente foram acusados de enriquecimento rápido e ilícito. O esquema continuou no governo da presidente Dilma, que, em apenas um ano, teve que aceitar a demissão de vários ministros, acusados por corrupção em suas pastas; só que, agora, atingindo o Judiciário.
O relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), enviado à Corregedoria Geral do Conselho Nacional de Justiça-CNj, confirma as movimentações financeiras “atípicas” em alguns tribunais. Nessa luta perdida contra as togas manchadas, nosso consolo é o reconhecimento dos leitores quanto ao nosso trabalho de divulgação das denúncias publicadas pela imprensa (mesmo exacerbado pelas gentilezas) como o do político e escritor Carlos Sodré, que, em comentário ao nosso artigo “A caixa-preta do Judiciário”, escreveu: “A sua inteligência –no que v. por vezes é um perdulário- transcendeu na abordagem oportuna e contundente que este texto encerra.
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