Já ensinava o filósofo Kafunga (falecido goleiro do meu querido clube Atlético mineiro e comentarista de futebol) que, no Brasil, o errado é que é o certo. Pois é exatamente isso o que está acontecendo na política. A presidente Dilma Rousseff quer fazer o certo, combater o fisiologismo e a troca de favores políticos por votos no Congresso. Por causa disso, enfrenta grave crise em sua base aliada e foi obrigada a trocar os líderes do governo tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado. Resolveu? Não, piorou. O que foi feito então? Chamar o ex-presidente Lula, que soube como ninguém fazer carinho nos nobres parlamentares.
Não custa lembrar que Lula, em seu primeiro mandato, tentou escapar do jeito PMDB de ser e fazer política. Foi obrigado a capitular e incluir os peemedebistas no condomínio federal. Caciques da base recorreram a Lula para tentar conter a crise. Novo líder no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM) esteve pessoalmente com ele no hospital onde se trata de uma pneumonia. O telefone tocou com chamadas do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), entre outros. A todos Lula prometeu entrar em campo para ajudar Dilma.
Voltando a Kafunga, Dilma acabará obrigada a fazer o “certo”. Leia-se: liberar os restos a pagar das emendas parlamentares de anos anteriores e empenhar as deste ano. Será suficiente? Provavelmente não. A presidente terá também de pegar a caneta e pôr o Diário Oficial da União em ação, com as nomeações de ministros e dos cargos de segundo e terceiro escalões. E precisará ainda contar com a ajuda de Lula para conter os caciques que estão de beicinho, principalmente o ex-líder no Senado Romero Jucá (PMDB-RR) e o líder do PMDB, Renan Calheiros (PMDB-AL), que, a cada dia, vê ficar mais distante o sonho de presidir a Casa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário