“Povo de Chico City, está decretado luto oficial de três dias na cidade”, anunciou o corrupto prefeito Walfrido Augusto Canavieira, já imaginando uma forma de superfaturar o enterro. “É mentira, Terta?” Desta vez, a pergunta de Pantaleão infelizmente não era uma mentira. Chico Anysio deixou ontem o país de mau humor. “Tomou, papudo?”, foi logo se vangloriando Bento Carneiro, o vampiro brasileiro, que não perdeu a chance de se vangloriar: “Não creu neu, se finou-se”.
Se o prefeito da cidade que dava nome ao programa era corrupto, outros personagens de Chico Anysio eram retratos fiéis de parte dos políticos brasileiros. “Sou, mas quem não é?”, pergunta Belo Tavares da Cunha, Tavares para os íntimos, como se estivesse no plenário da Câmara dos Deputados ou do Senado, olhando em volta para os colegas. Azambuja não perdeu tempo diante da fala de Tavares: “Tô contigo e não abro. Arrebenta a boca do balão”. Informado que a presidente Dilma Rousseff (PT) está resistindo à pressão do Congresso, não aceita qualquer indicação para cargos no governo, demite os ministros que se envolvem com malfeitos, Azambuja sai reclamando: “Tá danado, tá danado”.
O Professor Raimundo, que não conseguiu se eleger quando se candidatou, reclamava: “E o salário, ó!”. É quando entra na conversa outro político. “Tenho horror a pobre, quero que pobre se exploda”, reclama Justo Veríssimo em alto e bom som. Quando Gastão Franco em nome do governo tenta discutir os cortes no Orçamento da União com os deputados e senadores, a reclamação é geral. “Pão-duro, não. Eu sou controlado”, ele se defende. Diante de tanta cara de pau dos políticos, Urubulino vai logo avisando: “Mas pode piorar”. Salomé, que era íntima do presidente João Figueiredo, dá a palavra final: “Barbaridade, tchê!”
Caro Eduardo Você explanou, resumidamente -e muito bem- os principais personagens do Chico que, com certeza tinha a mesma visão exposta por você agora. Pena que o povo brasileiro visse só e somente só o lado cômico, esquecendo a seriedade de seus personagens. Agora o Tim Tones vai abençoar o Planalto com seu passaporte de Embaixada renovado.
ResponderExcluirÉ, ele se foi sim! Como iremos todos um dia. Mas ele deixa um legado incontestável de personagens incorretos aos olhos de nossos políticos mas corretos aos olhos de quem tinha olhos para olhar e ouvidos para ouvir sobre nossos políticos ou melhor politiqueiros de ocasião, foi um formador de opiniões dos mais críticos e brilhantes do cenário humorístico. Feliz foram os que puderam ouvi-lo, pois hoje com certeza trilham por caminhos que ele jamais imaginaria que um dia trilhariam. Deixará saudades sim, mas seu legado é muito maior até que sua própria pessoa que com uma mente brilhante via definhar a frágil existência. Vai com Deus Chico Anysio das muitas faces, Brasileiro.
ResponderExcluirCriativo e perfeito Caro Eduardo! Chico foi um dos meus ídolos, o CHAPLIN tupiniquim que voou Mundo a fora. Meu admirável Mestre! O Céu estará mais alegre e por aqui uma grande e profunda tristeza uma voz para sempre calada, uma posição firme de cidadão imortalizada como sua obra! VIVE CHICO! Parabéns!
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