Quem diria, anos atrás, que o Brasil iria acusar os países ricos de canibalismo? Pois é, mas foi isso, com todas as letras, que a presidente Dilma Rousseff fez em público, diante de uma plateia repleta de empresários e sindicalistas, em discurso durante o lançamento do Compromisso Nacional da Indústria da Construção. “Eu quero dizer para vocês que nós vamos continuar desenvolvendo este país, defendendo sua indústria, impedindo que os métodos de saída da crise desses países desenvolvidos implique a canibalização dos mercados dos países emergentes e, ao mesmo tempo, assegurando que o nosso mercado interno, o nosso mercado de massa cresça qualitativamente”, atacou a presidente, para deleite da plateia.
Dilma foi além. Reclamou que os países ricos não fazem política fiscal para ter capacidade de investimento. Usou a metáfora “tsunami no mercado monetário” para condenar a falta de iniciativas concretas. Por falar nisso, a presidente não ficou apenas na retórica. Tomou iniciativa concreta, como a taxação em 6% dos empréstimos contraídos no exterior pelas empresas brasileiras que tenham prazo inferior a três anos. Na prática, a medida visa evitar a entrada de dólares no país e, com isso, impedir, ou pelo menos diminuir, a desvalorização do real.
A preocupação da presidente faz todo sentido. O dólar fraco favorece a importação e prejudica a indústria nacional, que também precisa fazer a sua parte e conseguir mais produtividade. Até lá, no entanto, uma mãozinha do governo é bem-vinda. É o que Dilma chamou de “concorrência desleal”. Afinal, são os ricos querendo que os países em desenvolvimento paguem a conta da sua própria incompetência. A retórica está perfeita, resta saber se, na prática, será suficiente e dará certo.
Eita! Comida indigesta esta!
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