Sai de cena o “caçador de marajás”, entra em campo o “caçador de rabiscadores”. O ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB-AL) preferiu a tribuna do Senado, onde hoje está, para explicar por que fez questão de fazer parte da CPI Mista do Cachoeira. De microfone em punho, anunciou que integra a comissão para “impedir que ela seja pautada pelos meios e seus rabiscadores, uma gente que visa apenas furos de reportagem e lucro”. Foi além o ex-presidente da República: “É preciso não deixar que o colegiado torne-se instância fadada a servir de mero palco para a vileza política e um campo fértil de desrespeito aos direitos constitucionais dos homens públicos e de qualquer cidadão brasileiro”.
Está claro que Collor ainda é um pote até aqui de mágoas por causa do processo de impeachment que sofreu em 1992, nada menos que 20 anos atrás. Mas, como se diz que vingança é prato que se come frio, o senador dá sinais de quer ir à forra agora. Ele diz que pretende evitar “vazamentos” das informações sobre as investigações. Deve ser trauma da Fiat Elba que não transportava o seu tesoureiro de campanha, Paulo César Farias, o PC Farias, mas foi a prova que levou ao processo de impedimento e à posterior renúncia, que não impediu o julgamento no Congresso.
É improvável que o senador Fernando Collor consiga cumprir a missão que ele próprio se propõe. CPIs costumam produzir e recolher toneladas de documentos, ainda mais uma investigação como a de Carlinhos Cachoeira, que é um arquivo vivo de mazelas políticas e práticas corruptas pelo país afora. O jogo do bicho, nesse caso, não passa de um passatempo em família, diante da centena de milhões das obras tocadas pela Delta. E isso se ficar apenas nela, porque já começam a surgir outras empreiteiras sob suspeita. O “caçador de marajás”, agora “caçador de rabiscadores”, melhor faria se caçasse corruptos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário