É claro que a presidente Dilma Rousseff (PT) não vai tocar nesse assunto. Aliás, já percebeu que ela praticamente ignora a aprovação da CPI do Cachoeira, que será instalada hoje no Congresso? Na verdade, Dilma tinha convicção de que não era boa ideia arrumar esse tipo de confusão para seu governo. Afinal, ela navega no céu de brigadeiro de sua popularidade recorde. Para que buscar o caminho da turbulência? A história passa por São Paulo, mais especificamente pela visita que ela recebeu, no escritório da Presidência da República na capital paulista, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Antes, porém, é preciso voltar a um dia antes do encontro.
Quem estava com Lula era o presidente do PT, Rui Falcão. No mesmo momento, o líder do PT na Câmara dos Deputados, Jilmar Tatto (SP), comentava com os colegas de bancada que a CPI, ainda em fase inicial de coleta de assinaturas, não deveria ser instalada. “Deus me livre, não vamos mexer com isso”, dizia Tatto alto e bom som para quem quisesse ouvir nos corredores da Casa e nas reuniões com os companheiros. Duas horas mais tarde, no entanto, depois de receber um telefonema de São Paulo, o líder, de cabelo em pé, comunicava a ordem que veio de cima. Lula acha que o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) teria influência em algumas questões envolvendo o Ministério Público de São Paulo e que uma investigação iria respingar no pré-candidato do PSDB à prefeitura, José Serra.
Como no PT tudo é decidido democraticamente e está resolvido quando a ordem vem do ex-presidente Lula, Dilma teve que se resignar e ainda teve o seu candidato preferido para relatar a CPI rejeitado. Partiu também de Lula a determinação de que o relator deve ser Cândido Vaccarezza (PT-SP). O nome de Odair Cunha (PT-MG) foi simplesmente vetado pelo ex-presidente.
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