Já ouviu falar que chumbo trocado não dói? Pois é, pelo jeito, nem o presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), tampouco o presidente do PT, Rui Falcão, estão sentindo dor. O petista se referiu à CPI do Cachoeira como a investigação que vai apurar “o escândalo dos autores da farsa do mensalão”. O tucano rebateu que o PT está pretendendo exatamente o contrário, usar o novo caso “para abafar o mensalão”, cujo julgamento no Supremo Tribunal Federal está previsto para ocorrer ainda neste primeiro semestre. Como se diz, o problema é que, provavelmente, os dois têm razão. Triste política brasileira.
A questão é a postura que tinha o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), que na época era uma espécie de paladino da ética do Democratas. O mensalão, a tal arrecadação irregular de fundos para financiar campanhas eleitorais (se ainda tem alguém que acredita em conto de fadas), não existiu, na cabeça dos petistas. Mas fez estragos no PT e em sua pose de defensor da ética, dos bons costumes e probidade na política e na administração pública. Uai, de novo? A história se repete?
O PT se arrisca ao defender a CPI, sem saber direito a real extensão dos tentáculos de Carlinhos Cachoeira, que parecem muito mais longos e numerosos do que ficou conhecido até agora. Mas não resistiu a ver o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), citado em gravações como um dos beneficiários do esquema. Se já tinha uma estrela democrata, com uma estrela tucana também envolvida, não dá para resistir. A sociedade brasileira vai ficar assistindo a um embate político, que não dá para prever como vai acabar, pelo menos, como vai acabar agora. Porque, no final, o resultado deve ser o mesmo de sempre: a impunidade. Ou alguém acha que vai surgir alguma coisa diferente nos próximos passos da investigação no Congresso?
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