As trombadas do presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia
(PT-RS), com o governo, embora não sejam públicas, têm motivo oculto.
Não é o que parece, por exemplo, a questão da inclusão na pauta do
projeto que fixa em 30 horas semanais a jornada de trabalho de
profissionais de enfermagem, de técnicos aos enfremeiros. Maia disse ter
acertado com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que colocaria a
proposta em votação e que Padilha não se opôs, alegando que o volume de
recursos necessários no serviço público não afetaria seriamente o
Sistema Único de Saúde (SUS). Na verdade, não é pouco dinheiro. O
cálculo do impacto é de R$ 7,2 bilhões, mas para todo o setor. Daí a
suspeita de que foi a pressão dos hospitais privados que fez o governo
“mudar” de opinião de uma hora para outra.
Alexandre
Padilha, acompanhado da ministra-chefe da Secretaria de Relações
Institucionais, Ideli Salvatti, foi obrigado a comparecer à Câmara dos
Deputados ontem de manhã para tentar apagar o incêndio. O PT se
aproveitou da fase eleitoral e da pressa dos deputados em voltar para
seus estados para pedir verificação de quórum e derrubar a sessão da
manhã. É que os nobres parlamentares marcaram presença e tomaram o
caminho do aeroporto de Brasília. O líder do PT na Casa, Arlindo
Chinaglia (SP), chegou a propor a retirada do projeto da pauta. E tomou
vaia da plateia dos profissionais da área de saúde. Mas nem precisava.
Na sessão da tarde também não houve quórum.
As ameaças de
Marco Maia de colocar projetos como esse e outros – os royalties do
petróleo, por exemplo –, no entanto, revelam outra estratégia. Ele está
apenas materializando o que quer o chão do plenário, o baixo clero. Os
deputados reclamam da não liberação das emendas individuais e dos restos
a pagar. E vão tentar pôr faca no pescoço. É que o tempo corre contra
por causa da Lei Eleitoral.
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