A choradeira é tanta que a volta aos trabalhos no Congresso em
outubro promete uma surpresa, envolvendo a reforma política. Seria
otimista demais supor que ela vá, finalmente, sair do papel, do campo
das boas intenções. Mas boa parte dos deputados e senadores, quando
retornarem a Brasília, provavelmente terão uma nova bandeira política: o
financiamento público das campanhas eleitorais. É que a necessidade faz
o monge.
O ex-presidente da Câmara dos Deputados João Paulo Cunha
(PT-SP), que aliás é candidato a prefeito de Osasco (SP), está lá
sentado no banco dos réus. Ou melhor, não está, mas deve estar vendo
pela TV. Sem detrimento de outros crimes de que foi acusado, João Paulo
está sendo punido por ter pedido R$ 50 mil a Delúbio Soares, então
tesoureiro petista, para fazer pesquisas eleitorais em sua cidade. E
ainda mandou a mulher buscar o dinheiro. Não foi à toa que o ministro
revisor Ricardo Lewandowski o inocentou.
É esse o ponto. Esta é a
eleição do “apertem os cintos que o dinheiro sumiu”. A torneira da grana
fácil de empreiteiras, bancos e outras empresas que antes jorrava nas
campanhas está fechada. O empresariado, em plena temporada de julgamento
do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), não quer nem pensar nas
doações ocultas, no famoso caixa 2. E muito menos nas doações oficiais,
para não serem acusados depois, no caso de conseguir contratos com o
poder público, de terem ajudado em troca de obras e serviços.
É
por isso que as reclamações não respeitam cor partidária. Se tucanos e
petistas são rivais, neste assunto as cores se misturam. Nenhuma
campanha está no azul do PSDB. Todas estão no vermelho do PT. O que era
apenas um sinal amarelo de alerta agora virou uma placa que os
tradicionais financiadores de campanha passaram a respeitar à risca: “Na
dúvida, não ultrapasse”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário