Alguns números das eleições municipais deste ano são eloquentes e
trazem um alerta e uma reivindicação à classe política. É cada vez
maior a quantidade de brasileiros que, mesmo obrigados por lei, deixam
de comparecer às urnas. No último domingo, nada menos que 23 milhões de
eleitores, ou 16,5% deles, nem se preocuparam em procurar os locais de
votação. Simplesmente não apareceram. Em comparação com 2008, respeitada
a proporcionalidade do tamanho do eleitorado, o aumento foi de dois
pontos percentuais. E olhe que nessa conta não entram os votos nulos e
brancos.
Nada menos que 8% dos votos foram anulados. Não
custa destacar que o voto nulo é uma manifestação do eleitor, uma
insatisfação declarada. Principalmente quando é feito na urna
eletrônica. Acrescente agora os votos brancos, que chegaram a quase
3,5%. Todos em percentuais arredondados, para facilitar.
Vamos
fazer as contas: 16,5% mais 8% mais 3,5% é igual a 28% do eleitorado.
Isso mesmo: quase um terço dos brasileiros disseram não ou preferiram
nem se manifestar diante da classe política.
Buscar uma
explicação para o fenômeno pode ser precipitado. Quem sabe o julgamento
do escândalo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF) mais frustrou
os brasileiros do que prejudicou o PT, que afinal saiu das urnas maior
do que entrou, no número de prefeituras? E ainda conseguiu passar para o
segundo turno em São Paulo, berço político do ex-ministro da Casa Civil
José Dirceu, condenado esta semana pelo STF.
O fato é
que há uma descrença grande dos brasileiros com a classe política, uma
grande apatia, por outro lado. O que remete a outra discussão: a
obrigatoriedade do voto. Já era hora de o Brasil se igualar às mais
desenvolvidas democracias do mundo. O problema é que a mudança teria que
passar no Congresso. E ninguém por lá vai querer mudar as regras do
jogo que está vencendo. Lamentável!
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