Por que tanta pressa? Nem bem as urnas foram fechadas, os
deputados e senadores mal voltaram ao trabalho e, mesmo assim, a
presidente Dilma Rousseff, com a sempre providencial mãozinha de Luiz
Inácio Lula da Silva, quer resolver logo a pendenga da sucessão tanto na
Câmara quanto no Senado. E vai dar o comando das duas Casas ao PMDB,
cumprindo o acordo do início de seu mandato. A pressa, no entanto, tem
nome e sobrenome: o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que ensaia uma
candidatura avulsa e quer atrapalhar o que tinha sido combinado.
Esse
tipo de candidatura, quase sempre, tem pouca chance de prosperar, mas a
pulga atrás da orelha de Dilma e seu círculo político também têm nomes e
sobrenomes. Um é o presidente nacional do PSB, partido de Delgado, o
governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que incentiva o colega em
conversas reservadas de um lado e faz juras de amor ao Palácio do
Planalto de outro. Se fosse exigido carimbo no passaporte em viagens
nacionais, seria fácil saber quantas vezes Júlio Delgado esteve em
Recife neste ano. O outro é o senador Aécio Neves (PSDB-MG). Os tucanos
têm dito que vão respeitar o critério da proporcionalidade na eleição da
Câmara dos Deputados. Se Delgado não tiver chances, é isso que vai
acontecer. Se ele crescer, a história é outra.
A disputa
pelo comando no Congresso é decidida pelo baixo clero, não é um jogo de
caciques. E até no PT há quem não esteja satisfeito com o acerto que foi
feito com o PMDB. E Aécio e Eduardo Campos já mostraram que podem
causar surpresas ao Palácio do Planalto. Só para lembrar, Aécio virou
presidente da Câmara dos Deputados contra a vontade do então presidente
Fernando Henrique Cardoso, que foi muito pressionado pelo PMDB, de
Michel Temer, e pelo então PFL, de Inocêncio Oliveira. Ambos tiveram que
capitular. Como se diz, jogo é jogado e lambari é pescado. Jantar só
não resolve.
Nenhum comentário:
Postar um comentário