"Não é pressão ou chantagem.” A frase é do deputado Lúcio Vieira Lima
(PMDB-BA), sobre a pressão que seu partido faz por mais espaço no
ministério da presidente Dilma Rousseff. Sentiu o estilo no sobrenome?
Pois é, faz sentido. O nobre parlamentar baiano é sobrinho de Geddel
Vieira Lima e presidente do PMDB na Bahia. Geddel, que hoje ocupa uma
diretoria na Caixa, continua mais preocupado com o poder do que com as
loterias que comanda. Aliás, faturou o grande prêmio mesmo ficando
contra o PT na eleição em Salvador, ao apoiar a candidatura vitoriosa de
ACM Neto (DEM). Pedigree é que não falta para que os avisos cheguem aos
gabinetes do Palácio do Planalto.
Quem não precisa fazer pressão ou chantagem também já está em campo, com o mesmo objetivo: conseguir aumentar a participação peemedebista na equipe de Dilma. No Palácio da Alvorada, onde as conversas ao pé de ouvido são mais confortáveis e seguras, esteve ontem o vice-presidente Michel Temer. O paulista Gabriel Chalita era a primeira opção, por causa do apoio que deu a Fernando Haddad (PT) na briga com José Serra (PSDB) em São Paulo. Só que os mineiros também cobraram a fatura, pelo apoio a Patrus Ananias (PT) na disputa em Belo Horizonte. Tanto que o nome ministeriável já apresentado ao Palácio do Planalto é o do deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG), que abriu mão da candidatura em BH em favor do petista.
O problema é a fila muito grande. Além da ganância peemedebista, querem lugar na Esplanada dos Ministérios o PSD, partido recém-criado, mas que nasceu grande, e outros menos cotados, como o PR. E todo mundo quer pastas que deem visibilidade aos seus titulares. Ninguém pretende fisgar um ministério como o da Pesca.
A presidente Dilma, pelo menos em público, finge que a pressão não é com ela e vai empurrando o assunto com a barriga. Mas muita gente diz que de março não passa. Não dá para acalmar a tropa por muito mais tempo.
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