A ordem veio do Palácio do Planalto. É tudo ou nada. Se foi tudo
ou se foi nada, se a Medida Provisória 595/12 conseguiu encontrar um
porto seguro para atracar, pouco importa. O circo de horrores de sua
votação na Câmara dos Deputados mostra que falta maturidade na
negociação política. O governo não aceitou dialogar. Nem poderia.
Afinal, havia interesses inconfessáveis nas exigências de alguns grupos
políticos que contribuíram para gerar toda a confusão que marcou a
semana na Casa. A presidente Dilma Rousseff nem quis conversa. Ceder na
MP dos Portos seria compactuar com o favorecimento com endereço certo
para alguns poderosos grupos empresariais do país.
A
questão é que os problemas vieram da própria base, não da oposição. O
PMDB, do líder Eduardo Cunha (RJ), foi quem deu mais trabalho. Ele
apresentou uma emenda aglutinativa à MP que previa, entre outras coisas,
só para ficar em um exemplo, que os portos privados tivessem direito de
ficar 50 anos com a concessão.
O líder do PR, Anthony
Garotinho (RJ), foi o que mais confusão conseguiu arranjar. Ele atacou
duramente a emenda de Cunha, seu rival político no Rio de Janeiro. A
briga paroquial virou uma baixaria total. Só que Garotinho não ficou
satisfeito. Brigou também com o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), que o
acusou de chefe de quadrilha e que deveria estar na cadeia. Caiado ainda
disse que o colega do Rio tinha a “catinga dos porcos”. Garotinho não
se importou. Jurou que não estava ofendido com a catinga.
Sem
a MP, o governo pode resgatar parte dela com decretos. Uma pequena
parte, é bom ressaltar. Fosse o contrário, a presidente Dilma Rousseff
não teria determinado tamanho esforço de sua base no Congresso. E esse
esforço bem que existiu. Tanto dos governistas quanto da oposição, que
também cumpriu o seu papel usando todas as manobras regimentais que
podia para impor uma derrota a Dilma.
O festival de
horrores na votação da MP dos Portos, no entanto, mostrou que a base
governista navega em águas revoltas e que interesses maiores estão
submersos na atitude de vários parlamentares do Congresso.
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