Duas frases e o resumo da ópera do jantar da presidente Dilma Rousseff com a cúpula do PMDB na segunda-feira. “Não tratamos da atuação das ministras porque não cabe ao Legislativo tratar dessa questão. Esse é um problema do governo.” A referência é às ministras Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, e Ideli Salvatti, da Secretaria de Relações Institucionais. E foi feita pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Um problema do governo? Ele não poderia ser mais explícito. Não cabe ao Legislativo tratar dessa questão? É quase o mesmo que dizer: quem tem de demiti-las é a presidente.
“A conversa não interagiu nesse campo. Acho que aí é tarefa dos líderes do governo, dos líderes partidários”. Essas frases são do presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), respondendo a pergunta sobre se a articulação política melhorou. Se é tarefa dos líderes, é o mesmo que dizer que Gleisi e Ideli são realmente carta fora do baralho nessa questão. Afinal, as duas é que deveriam fazer a ponte com o governo. Se os líderes assumirem essa função, a atuação política delas se restringirá a carimbar acertos já feitos.
No encontro com os peemedebistas, a presidente Dilma se comprometeu a diminuir o número de medidas provisórias (MP) enviadas ao Congresso. Tudo bem que foi uma MP que gerou todo o conflito que levou ao jantar, mas não era esse o prato principal, por mais que Renan e Henrique Alves tentem fazer parecer que foi.
O que eles esperam é a sobremesa, a liberação das emendas individuais dos parlamentares e mesmo as de bancada. Não custa repetir que a liberação das emendas agora é a obra para mostrar no ano que vem nas bases eleitorais de quem busca a reeleição. Daí a pressão. O governo preservou R$ 9 bilhões em emendas do corte que fez no Orçamento e fala em liberar R$ 2 bilhões agora. A base no Congresso quer mais. Tanto que é bem possível que aprovem a liberação impositiva das emendas, o que dá urticária no governo.
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